Bracicla ameaça ir para tribunal
Município promete criar novo acesso para entrada de camiões na empresa, mas dono está “farto de esperar”
Os camiões da empresa de reciclagem Bracicla, em Amares, foram proibidos de estacionar em frente à Câmara e continuam impedidos de circular entre as 20 e as oito horas, na Rua de Santo Aleixo, a única que dá acesso à unidade de produção. A Câmara promete criar um caminho alternativo mas o dono da empresa, António Veloso, está “farto de esperar” e ameaça recorrer a tribunal para pôr fim às restrições de horário.
O sinal de trânsito foi colocado pela Autarquia, em 2015, na sequência de queixas de cerca de 10 moradores, que se sentiam incomodados com o barulho dos pesados. No final do ano passado, uma decisão judicial obrigou a Bracicla a respeitar a sinalização, sob pena de passar a incorrer em processos-crime por desrespeito. Revoltados com a limitação à atividade da empresa e já com 3000 euros em multas para pagar, os funcionários protestaram à porta da Câmara, no início deste ano, “mas nem isso surtiu efeitos”, lamenta António Veloso, criticando a inação” do Município.
“Estou à espera, desde 2015, de uma solução e não vejo as coisas a andar. A empresa foi criada com todas as licenças e só depois de nos instalarmos é que mudam as regras. Isso é uma fraude”, atira o empresário, sublinhando que não quer “criar confusões”, nem quer “indemnizações”.
PROBLEMAS DE RECOLHA
“Eu só quero que me deixem trabalhar. A limitação de horários causa problemas ao nível das recolhas de ma- terial e estão a pôr em causa, neste momento, 42 postos de trabalho”, alerta, lembrando que, na sequência do protesto dos funcionários, a Autarquia prometeu um caminho alternativo até junho deste ano. “Ainda não vejo um metro de estrada nem retiraram os sinais que me restringem a atividade. A Câmara tem de passar do diálogo à prática”, defende.
O presidente do Município, Manuel Moreira, justifica que o atraso se deveu a um desentendimento entre os donos dos terrenos de Monte Rabadas, onde será criado o acesso alternativo. “O acordo era que os proprietários abrissem a rua e a Câmara colocava água e saneamento. Isso caiu por terra e agora a Autarquia vai assumir o acesso. Estamos a negociar com um dos proprietários que quer algumas contrapartidas”, afirma o edil, falando de um investimento que deverá rondar os 100 mil euros, ainda sem data para avançar.
Entretanto, o Município diz que não pode retirar o sinal de trânsito na Rua de Santo Aleixo, à conta da decisão judicial que obriga à sua manutenção.