História na Lua vista por um homem terreno
“O primeiro homem na Lua” conta a história do astronauta Neil Armstrong, protagonizado por Ryan Gosling
Estão quase a completar-se 50 anos daquele pequeno passo de Neil Armstrong, cuja pegada ficou para a eternidade. A história por detrás desse enorme feito é contada em “O primeiro homem na Lua”.
O filme, uma produção conjunta da Universal Pictures e da DreamWorks, em associação com duas outras companhias mais modestas, estreou mundialmente no Festival de Veneza, onde teve honras de abertura, e chega agora às nossas salas de cinema, mais ou menos ao mesmo tempo que no resto do planeta Terra.
“O primeiro homem na Lua”, que se baseia no best-seller de James R. Hansen, “First man: The life of Neil A. Armstrong”, esteve para ser dirigido por Clint Eastwood, já com experiência nas produções sobre astronáutica com o delicioso “Space cowboys”, mas acabou por levar a assinatura de um realizador 55 anos mais novo: Damien Chazelle.
É que, depois de “La la land”, mesmo apesar de ter perdido o Oscar praticamente em cima da linha, tudo era permitido ao jovem realizador, o mais novo de sempre a vencer o Oscar de Melhor Realizador. O filme, apesar de uma certa bipolarização de opiniões, é uma lindíssima homenagem a um género perdido do cinema americano, o musical clássico.
Saber que “La la land” era a extensão de uma curta com o mesmo nome que Chazell fizera para angariar financiamentos para a longa mostra que estamos bem na presença de um jovem que sabe perfeitamente o que quer. Ninguém coloca 60 milhões de dólares – orçamento estimado de “O primeiro homem na Lua” – de ânimo leve nas mãos de qualquer um.
UM HOMEM SOLITÁRIO
Como o título do livro de que parte desde logo sugeria, “O primeiro homem na Lua” é uma biografia do lendário astronauta norte-americano Neil Armstrong, situada entre os anos de 1961 e 1969, acompa- nhando a sua jornada até se tornar o primeiro homem a pisar o solo da Lua. Uma história coletiva, mas também pessoal. Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade, embora talvez ninguém se tenha sentido tão solitário no local onde se encontra como Armstrong no momento de pisar a superfície da Lua.
“O primeiro homem na Lua” é um daqueles filmes sobre a glorificação da América. O que também se chama uma peça de “Americana”. Mas, no entanto, vista pelos olhos de alguém de uma nova geração, com um forte espírito crítico e concentrando-se sobretudo no lado humano, captado pelo já cúmplice Ryan Gosling. Nos dramas tanto como nos feitos. Nos medos individuais tanto ou mais que no orgulho coletivo. E com um forte respeito pelo passado e pelo presente do cinema: rodado em película 35mm, o filme estará disponível nas salas IMAX. É o que acontece quando o cinema de grande espetáculo respeita o espectador.