Jornal de Notícias

Lenda de Portugal volta ao cinema

Nova versão de “Pedro e Inês” baseada em romance de Rosa Lobato Faria

- Por João Antunes Jornalista

Os factos históricos e as lendas em torno de D. Pedro e Inês de Castro são tão fortes que conseguem vencer a quase eterna embirração do cinema português com o filme de época. O coimbrão António Ferreira propõe uma variação da história em “Pedro e Inês”, que já foi contada várias vezes ano cinema português.

Curiosamen­te, a primeira versão de que se conhece existência – é considerad­o um dos muitos filmes perdidos do mudo português – data de 1910, foi dirigido por Carlos Santos com o título de “Rainha depois de morta” e tinha como protagonis­tas o próprio realizador e Amélia Vieira, mulher de Eduardo Brasão, que interpreta­va D. Afonso IV.

Bem conhecida e representa­tiva de um dos raros períodos de uma certa abundância de reconstitu­ições históricas, “Inês de Castro”, que Leitão de Barros realizou em 1945, era uma coprodução de Portugal e Espanha, com António Vilar e Alicia Palacios na dupla de atores principais. Mais económica, mas não menos legítima, a realização de “Inês de Portugal”, de José Carlos de Oliveira, estreada em 1997, tinha Cristina Homem de Mello e Heitor Lourenço a encabeçar o cartaz.

A nova versão leva assinatura de António Ferreira, que apesar de hoje ser cineasta sediado quer em Portugal quer no Brasil, não esqueceu a sua origem coimbrã para, a seguir ao Saramago de “Embargo”, propor novo olhar sobre “Pedro e Inês”. Assim se chama o seu filme.

Tudo parte aliás do livro “A trança de Inês”, editado em 2001, de Rosa Lobato de Faria, falecida em 2010. Dessa forma, a ação do filme decorre em três tempos, reconstitu­indo a história – e a lenda – de D. Pedro e Inês de Castro, e colocando personagen­s com o mesmo nome – e interpreta­dos pelos mesmos Diogo Amaral e Joana de Verona – em episódios que decorrem no presente e num futuro distópico.

A aposta na intemporal­idade desta tragédia é como se se quisesse dizer que representa afinal o fado de ser português. E será coincidênc­ia a atriz principal ter como apelido a cidade onde se “passou” a história de Romeu e Julieta?

Pedro e Inês

ANTÓNIO FERREIRA DRAMA

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Diogo Amaral e Joana de Verona são os protagonis­tas

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