Um outono cheio de motivos para ter um livro à cabeceira
Lobo Antunes regressa com “A última porta antes da noite”
É sob o signo de regressos há muito esperados pelos leitores que se fazem as principais apostas editoriais até dezembro.
Na ficção portuguesa, há dois exemplos que se destacam e ambos no feminino: sete anos depois do aclamado “O retorno”, Dulce Maria Cardoso volta a abraçar o romance após incursões várias pelos contos, teatro e literatura para a infância. Mais longo ainda foi o hiato ficcional de Hélia Correia. A vencedora do Prémio Camões 2015, que não escrevia um romance desde “Adoecer”, em 2010, publicou no final do mês passado “Um bailarino na Batalha”. Um romance fortemente ancorado no presente, ao debruçar-se sobre o drama dos expatriados.
Na ficção estrangeira, Jonathan Littell concentra atenções. Doze anos depois do monumental “As benevolentes”, o francês nascido em Nova Iorque escreveu “Uma velha história”, livro sobre obsessões pessoais, em que cada um dos sete capítulos se inicia sempre da mesma forma.
No plano oposto, estão dois autores portugueses que, embora de perfil muito distinto, mantêm o hábito de publicação de um romance na reta final do ano. Mesmo a chegar às livrarias, “A última porta antes da noite”, romance em que António Lobo Antunes homenageia o seu amigo George Steiner, captura uma fala de uma personagem operática de Bela Bartók. No fim do mês é a vez de José Rodrigues dos Santos. “A amante do governador” marca o regresso aos romances históricos, centrando-se no cerco japonês a Macau durante a II Guerra Mundial.
JARDIM ROMANESCO
Menos abundante do que em anos anteriores, a ficção portuguesa a publicar até ao fim do ano apresenta, todavia, uma curiosidade de monta. Trata-se da estreia nos romances de Alberto João Jardim, com “Diz não!”, retrato da sociedade madeirense da década de 1970 até aos nossos dias.
Além dos consagrados Javier Marías (“Berta Isla”) e Haruki Murakami (“A morte do comendador”), as próximas semanas trazem uma nova seleção de contos de Lucia Berlin (“Anoitecer no Paraíso”) e a autobiografia de David Lynch, “Espaço para sonhar”. Prevista também está a estreia em Portugal de Holly Ringland, australiana que tem feito furor em todo o Mundo com o romance “As flores perdidas de Alice Hart”.