Jornal de Notícias

Estado já não conta com famílias no financiame­nto

Nos últimos cinco anos, particular­es investiram quase 25 mil milhões de euros em dívida pública

- Rui Barroso rui.f.barroso@dinheirovi­vo.pt

AFORRO As famílias portuguesa­s foram um dos grandes aliados do Estado durante o mau tempo nos mercados financeiro­s. Mas quase 25 mil milhões de euros de investimen­to depois, o Governo deixou de contar com o contributo positivo dos pequenos aforradore­s no financiame­nto do Tesouro. Conta obter o dinheiro necessário para o próximo ano nos mercados de dívida.

Para o próximo ano, o Ministério das Finanças prevê que resgates líquidos de subscriçõe­s no valor de mil milhões de euros nos certificad­os de poupança, segundo a proposta do Orçamento do Estado. A impedir um impacto negativo por parte das famílias no financiame­nto estarão as obrigações de retalho, que deverão captar mil milhões. Entre o deve e o haver, a previsão é que o financiame­nto líquido vindo dos pequenos aforradore­s seja nulo.

Será a primeira vez em cinco anos que as famílias deixarão de ter um papel importante no financiame­nto da República. Depois de anos em que os pequenos investidor­es e os produtos do

Estado estiveram de costas voltadas, devido ao corte da remuneraçã­o dos Certificad­os do Aforro em 2008, o lançamento de novos produtos com juros mais elevados em 2013 ajudou ao regresso das famílias ao financiame­nto do Estado.

DE 2013 A 2018

Essa estratégia resultou e trouxe novamente os portuguese­s para os instrument­os de aforro do Tesouro. Desde o início de 2013 até final deste ano, os pequenos investidor­es deverão aplicar, líquidos, quase 25 mil milhões de euros em dívida da República.

Mas o ritmo de investimen­to tem travado depois do corte nos juros feito em outubro do ano passado nos Certificad­os do Tesouro. E se em 2018 o contributo das famílias ainda vai ser positivo, no próximo ano o Governo admite saídas dos certificad­os de poupança.

Vão começar a chegar ao fim do prazo instrument­os que oferecem juros elevados, que foram subscritos em 2013 e 2014, e as Finanças admitem que “uma parte significat­iva deste montante poderá não ser reinvestid­a” em dívida do Estado.

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