Estado já não conta com famílias no financiamento
Nos últimos cinco anos, particulares investiram quase 25 mil milhões de euros em dívida pública
AFORRO As famílias portuguesas foram um dos grandes aliados do Estado durante o mau tempo nos mercados financeiros. Mas quase 25 mil milhões de euros de investimento depois, o Governo deixou de contar com o contributo positivo dos pequenos aforradores no financiamento do Tesouro. Conta obter o dinheiro necessário para o próximo ano nos mercados de dívida.
Para o próximo ano, o Ministério das Finanças prevê que resgates líquidos de subscrições no valor de mil milhões de euros nos certificados de poupança, segundo a proposta do Orçamento do Estado. A impedir um impacto negativo por parte das famílias no financiamento estarão as obrigações de retalho, que deverão captar mil milhões. Entre o deve e o haver, a previsão é que o financiamento líquido vindo dos pequenos aforradores seja nulo.
Será a primeira vez em cinco anos que as famílias deixarão de ter um papel importante no financiamento da República. Depois de anos em que os pequenos investidores e os produtos do
Estado estiveram de costas voltadas, devido ao corte da remuneração dos Certificados do Aforro em 2008, o lançamento de novos produtos com juros mais elevados em 2013 ajudou ao regresso das famílias ao financiamento do Estado.
DE 2013 A 2018
Essa estratégia resultou e trouxe novamente os portugueses para os instrumentos de aforro do Tesouro. Desde o início de 2013 até final deste ano, os pequenos investidores deverão aplicar, líquidos, quase 25 mil milhões de euros em dívida da República.
Mas o ritmo de investimento tem travado depois do corte nos juros feito em outubro do ano passado nos Certificados do Tesouro. E se em 2018 o contributo das famílias ainda vai ser positivo, no próximo ano o Governo admite saídas dos certificados de poupança.
Vão começar a chegar ao fim do prazo instrumentos que oferecem juros elevados, que foram subscritos em 2013 e 2014, e as Finanças admitem que “uma parte significativa deste montante poderá não ser reinvestida” em dívida do Estado.