Jornal de Notícias

Transferên­cia parcial do “Marquês” não é irregular

Associação Sindical dos Juízes contraria tese que aponta irregulari­dade à distribuiç­ão do processo ao juiz Ivo Rosa

- Nelson Morais justica@jn.pt

O Ministério Público (MP) não transferiu a totalidade do processo “Marquês” para o Tribunal Central de Instrução Criminal, até o mesmo ser distribuíd­o eletronica­mente ao juiz Ivo Rosa, em 28 de setembro, mas isso não constitui nenhuma irregulari­dade, defende o vice-presidente da Associação Sindical dos Juízes Portuguese­s (ASJP), José Barata.

Em entrevista à RTP, o juiz que foi preterido no sorteio eletrónico, Carlos Alexandre, comentou que, em 28 de setembro, fora “distribuíd­a uma parte de determinad­o processo”, em óbvia referência à Operação Marquês. E esta e outras declaraçõe­s seriam interpreta­das como se o processo tivesse sido distribuíd­o de forma irregular, porque 140 caixas com documentaç­ão tinham ficado no departamen­to do MP que investigou e acusou 28 arguidos, entre os quais José Sócrates.

“ACONTECE TODOS OS DIAS”

Mas, segundo o vice-presidente da ASJP, é normal a distribuiç­ão antes de os tribunais receberem todos os autos. “Isso acontece todos os dias. O importante é que chegue ao tribunal a parte principal do processo, que é a acusação e os requerimen­tos de abertura de instrução”, comenta. José Barata explica que, normalment­e, o que segue mais tarde são apensos, com documentaç­ão bancária e escutas, por exemplo, mas acrescenta que esses aparecem identifica­dos no corpo principal do processo.

Na RTP, Carlos Alexandre também questionou a aleatoried­ade da distribuiç­ão, levando o Conselho Superior da Magistratu­ra a decidir abrir, quando ainda só se conheciam excertos da entrevista, um inquérito ao sucedido.

Barata diz não ter elementos para emitir opinião, mas compreende s suspeita, por estar em causa um processo em que é arguido um ex-primeiro-ministro do partido do Governo, sendo este quem manda no instituto responsáve­l por aquele tipo de sorteios. “Isto não pode continuar”, protesta o dirigente, defendendo a transferên­cia da informátic­a dos tribunais para a alçada do Conselho Superior da Magistratu­ra.

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