Construção naval é paixão de gerações
Benjamim Moreira repara os barcos de várias comunidades piscatórias com a ajuda do filho
Além de serem pai e filho, Benjamim e Luís Moreira representam a terceira e quarta gerações de uma família dedicada à construção e reparação naval. A paixão pelos barcos começou com o bisavô de Benjamim, o mestre Lourenço, tendo o legado passado para o tio-avô, o mestre Caseira que, anos mais tarde, lhe abriu as portas do estaleiro e lhe ensinou tudo o que sabia.
“Descobri o estaleiro do meu tio-avô em pequeno. Ele trabalhava com um rapaz e eu, depois da escola, em vez de ir para casa, passava por lá e andava à volta deles”, lembra ao JN Benjamim Moreira, de 68 anos.
Nas horas vagas, o cons- trutor naval ia com o pai ao mar. “À mesa ouvia as peripécias que enfrentavam na captura do bacalhau e não gostava daquilo. Tentava sempre safar-me”, conta.
Aos 18 anos, Benjamim foi para a tropa. Esteve na Guiné. Quando voltou da guerra, foi para a Alemanha. Só após o 25 de Abril é que conseguiu voltar a dedicar-se à profissão. Tem clientes em várias comunidades piscatórias e, além dos típicos barcos, já construiu um salva-vidas e um barco rabelo. O filho, Luís Moreira, herdou-lhe o gosto.
“Lembro-me de, aos oito anos, juntar a madeira e fazer brinquedos no estaleiro”, recorda o filho, Luís.
Há cerca de 10 anos, pai e filho fecharam o estaleiro. Agora, dedicam-se apenas às reparações e a cuidar de um pequeno museu, em Vila Chã, onde Benjamim guarda o espólio que foi recolhendo ao longo dos anos junto das comunidades piscatórias para quem trabalhou. No espaço, há “Memórias de uma Terra”, da evolução dos barcos e dos homens que ganhavam o pão no mar.