Empresários dão milhões a campanha ilegal contra Haddad
Financiamento de pacotes de envio de centenas de milhões de mensagens no WhatsApp pode levar a impugnação
Centena e meia de empresários amigos do candidato presidencial de extrema-direita, Jair Bolsonaro, estão a comprar pacotes de “disparos em massa” contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o concorrente de Esquerda, Fernando Haddad, pagando milhões de euros à margem da lei, o que poderá levar à impugnação das eleições.
Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, os empresários – que Haddad diz serem 156 – estão a comprar pacotes de centenas de milhões de disparos de mensagens no WhatsApp, através de empresas especializadas e usando bases de dados ilegais, com contratos até 12 milhões de reais (2,8 milhões de euros) cada.
A operação estaria agendada para a próxima semana, a derradeira da campanha para a segunda volta, no dia 28 de outubro.
Trata-se de uma prática ilegal, porque o pagamento desses pacotes por empresas corresponde a uma doação não declarada e o “impulsionamento” de apoios nas redes sociais só pode ser feito pela campanha, sem compra de bases de dados.
Ouvidos pela agência Reuters, quatro professores de direito eleitoral brasileiro admitem que a campanha de Bolsonaro poderá ser acusada de abuso de poder económico, abuso de meios de comunicação e omissão de doação de meios, crimes eleitorais que podem levar à im- pugnação das eleições.
Ao final do dia de ontem, estava anunciado pelo próprio Haddad um pedido de intervenção das autoridades, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), do terceiro mais votado na primeira volta, Ciro Gomes, fizera saber que proporá uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar os resultados da votação do dia 8 e um deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Jean Wyllys, pediu uma investigação à Procuradoria-Geral Eleitoral.