Agências de viagens batem recordes da década
Empresas, trabalhadores e volume de negócios não param de crescer. Brasil está esgotado para a passagem de ano. Voos cheios há meses
Nunca existiram tantas agências de viagens em Portugal, a empregar tantas pessoas e com um volume de vendas que deverá, este ano, atingir valores equivalentes ou superiores aos melhores da década, segundo cálculos da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que nem a crise financeira recente, nem a aparente concorrência das reservas diretas que a Internet colocou ao alcance de qualquer pessoa afetaram o ritmo de nascimento de novas agências, animadas pelo aumento das viagens dos portugueses, que não atingiam valores tão elevados desde o início do século.
“Há um ano, encomendámos um estudo sobre o setor que revelou que este é mais sensível às crises do que a economia em geral, mas reage mais depressa no momento da recuperação, inclusive primeiro do que a economia e do que o turismo, no seu todo”, adiantou Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT.
NOVA CONCORRÊNCIA
De acordo com os dados do INE, em 2008, estavam registadas 1326 agências de viagens em Portugal. No ano seguinte, em que o Mundo parou com a crise financeira global, perdemos apenas seis agências. Só nos dois anos seguintes, quando Portugal começou a dar sinais de contágio, o número tornou a descer ligeiramente: 24 em 2010 e 26 em 2011. Em plena vigência da austeridade imposta pela ‘troika’, em 2012, recomeçou o ritmo estável de crescimento das agências de viagens, acelerando de 2015 até hoje.
“De lá para cá, muitas coisas mudaram, do ponto de vista da arquitetura do negócio”, explicou o presidente da APAVT. “Há uns anos, a concorrência podia ser entre agências, hoje em dia são os outros elementos da cadeia de valor (hotéis, companhias aéreas) a fazer concorrência”, acrescentou, referindo-se às reservas diretas online e às taxas que as companhias aéreas introduziram nas reservas feitas por agências. “Mas a procura aumentou e as agências tradicionais também souberam adaptar-se ao online e estar ao alcance do telemóvel, por isso o negócio tem chegado para todos”, rematou.
FATOR HUMANO
António Loureiro, diretor regional da Travelport para Portugal, Espanha e PALOP, acredita que “as reservas feitas através de agências de viagens vão continuar a crescer” apesar da concorrência, até porque ”o fator humano no turismo continuará a fazer a diferença”. Segundo o responsável da empresa que detém a ferramenta de reservas utilizada por 90% das agências em Portugal, “o conhecimento dos agentes – conseguido também através da experiência digital e das ferramentas como o ‘machine learning’ – é uma vantagem competitiva”.
SEGURANÇA PRIMEIRO
A organização de viagens por conta própria tem aumentado desde que a Internet começou a disponibilizar as primeiras reservas diretas em companhias aéreas e em plataformas de alojamento, tendo duplicado nas viagens dos portugueses entre 2012 e 2017. Em viagens de grupos, de empresas ou de lua-de-mel, continuam a ser as agências de viagens a liderar. “Porque a segurança é uma das traves mestras das agências de viagens”, analisou Pedro Costa Ferreira. “Num Mundo cada vez mais incerto, dão a segurança que as pessoas precisam quando algo corre mal”, rematou.