Jornal de Notícias

AJUDADOS POR UMA NAMORADA E TRAÍDOS POR OUTRA

Assaltante­s que escaparam de tribunal do Porto apanhados num parque de campismo de Gondomar. Polícia usou sinal de telemóvel para localizá-los. Tinham 45 mil euros e planeavam fugir do país

- Alexandre Panda e Óscar Queirós justica@jn.pt

Os três homens que, na quinta-feira, fugiram do Tribunal de Instrução Criminal do Porto estavam escondidos num parque de campismo de Gondomar, à espera da melhor ocasião para fugir do país. Seguindo uma pista fornecida pela namorada de um deles, que temia pela vida do companheir­o, a PSP localizou-os. Numa operação-relâmpago foram presos sem oferecer resistênci­a e os agentes encontrara­m 45 mil euros na caravana que lhes servia de refúgio desde a madrugada de ontem. Já estão na cadeia, para onde o juiz de instrução os havia mandado por suspeita de mais de 30 assaltos violentos a idosos, a quem roubaram valores próximos do milhão de euros.

Os gémeos Fernando e Emanuel Santos (35 anos), mais o sobrinho Hugo (25 anos), conhecido por “Shevchenko”, estiveram fugidos exatamente 24 horas. Encarada como “questão de honra” pela PSP, a sua rápida captura sossegou as hostes policiais que atribuíam a “uma distração” de um colega a inédita fuga do edifício do TIC do Porto.

A operação que permitiu capturar os fugitivos foi preparada durante horas e “com o máximo cuidado”, já que, sabendo-os num parque de campismo (vigiado desde a madrugada e cercado ao princípio da tarde “com total discrição”) onde várias pessoas residem todo o ano, além dos campistas sazonais, importava salvaguard­ar a segurança dos residentes.

Correu tudo bem. Afastadas, sem que os suspeitos desconfias­sem, as pessoas mais próximas da caravana onde o trio se escondia, a PSP não lhes deu a mínima hipótese. “Foi demasiado rápido”, disse quem viu. “De repente, estavam três homens no chão, completame­nte imobilizad­os”.

Nas buscas que se seguiram à caravana, a PSP encontrou, além de roupas já em malas, um “pacote” com 45 mil euros, em notas de 500. Era o sinal da iminência da fuga para o estrangeir­o, pensa-se que para França, onde Fernando estivera nos últimos anos, para escapar à pena de nove anos a que foi condenado em Portugal.

COMPRA DE TELEMÓVEIS FOI FATAL

Tal como noticiou ontem o JN, terá sido a namorada de um dos fugitivos – entretanto constituíd­a arguida – quem se apropriou das chaves das celas e as entregou, aproveitan­do a autorizaçã­o do agente da PSP para se “despedir”. Galgaram rapidament­e dois andares de escadas e não hesitaram em saltar pela janela do segundo andar para o primeiro e depois para a Rua de Gonçalo Cristóvão. Sabia-se que aí tinham apanhado um táxi, mas o percurso que fizeram a seguir só ontem foi conhecido.

A namorada de outro dos fugitivos, temendo que ele “pudesse morrer” num provável confronto com a PSP, indicou o Maia Shopping, em Ermesinde, como local onde os suspeitos estiveram a seguir à fuga. Tinham pedido ao taxista que os conduzisse ao shopping, mas pelo caminho mandaram-no parar. Um dos irmãos saiu do carro e foi buscar dinheiro (os 45 mil euros encontrado­s mais tarde na caravana). Chegados ao centro comercial, pagaram o frete e desaparece- ram. A intenção foi comprar telemóveis, sem saberem que tal compra determinar­ia o rápido fim da fuga.

Seguindo as indicações da namorada, a PSP foi ao local e, pelas câmaras do centro comercial, viu os indivíduos a entrar na loja de telemóveis. Recolheram elementos dos aparelhos vendidos aos foragidos. Ainda a noite não tinha acabado e os suspeitos já tinham os telemóveis sob escuta. Foi só seguir-lhes o rasto.

No parque de campismo de Medas, o ataque que culminou a investigaç­ão da Divisão de Investigaç­ão Criminal da PSP do Porto e a gigantesca caça ao homem foi rápido e eficiente, não dando quaisquer hipóteses de reação aos fugitivos, que já estão na cadeia de Custoias.

A PSP ainda não terá concluído a operação.

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Hugo Saraiva, Emanuel Santos e, de costas, o irmão gémeo, Fernando Santos, após a detenção
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