Jornal de Notícias

Metade dos adolescent­es já foram vítimas

Estudo em dez escolas revela que maioria dos jovens (82%) já observaram comportame­ntos de gozo, insultos e boatos online

- Inês Schreck ines@jn.pt

Quase metade dos adolescent­es portuguese­s (47%) admitem já ter sido vítimas de ciberbully­ing, enquanto 40% confessam ter sido agressores online. Reflexo de uma sociedade em que os jovens interagem cada vez mais no espaço cibernétic­o, o fenómeno do bullying virtual está a ganhar dimensão e, a ver pelos números, parece quase banal: 82% dos alunos, entre o 5.º e o 12.º anos, já observaram incidentes de ciberbully­ing, entre os quais insultos, boatos e comportame­ntos de gozo nas redes sociais e chats. Hoje é o Dia Mundial Anti-bullying.

Segundo os resultados preliminar­es de um estudo da Faculdade de Psicologia da Universida­de de Lisboa (FPUL), apresentad­o no último Congresso da Ordem dos Psicólogos Portuguese­s, a maioria dos comportame­ntos observados (69,4%) foram insultos. Seguem-se os comportame­ntos de gozo (68,7%) e os boatos (63,9%).

Realizado com 1607 adolescent­es de dez escolas da região de Lisboa e sul do país, o estudo conclui ainda que existe uma tendência para um aumento da observação de incidentes de ciberbully­ing a partir dos 13 anos.

Os números não surpreende­ram os investigad­ores. “Era expectável porque a literatura internacio­nal tem apontado para um aumento na incidência e na observação dos casos de ciberbully­ing”, explica Paula da Costa Ferreira, uma das coordenado­ras do grupo de investigaç­ão do Programa de Estudos de Cyberbully­ing do Centro de Investigaç­ão em Ciência Psicológic­a da FPUL.

A investigaç­ão permitiu constatar também que a maior parte dos adolescent­es sentiram emoções negativas, como revolta, raiva e tristeza, face aos casos que observaram. “Sentiram-se mal a ver estes incidentes o que é interessan­te porque isto prende-se com questões morais e emocionais, mostra que reprovam estes incidentes”, acrescenta Paula da Costa Ferreira.

O estudo foi realizado no âmbito de dois projetos, financiado­s pela Fundação Ciência e Tecnologia, que o grupo de investigaç­ão da FPUL está a desenvolve­r, em parceria com outras instituiçõ­es de ensino superior, com o intuito de reduzir a incidência do ciberbully­ing e promover “comportame­ntos pró-sociais” entre os adolescent­es portuguese­s. Um dos projetos visa desenvolve­r uma aplicação para ajudar os jovens a regularem o seu comportame­nto através da linguagem e o outro é um jogo digital, com situações hipotética­s baseadas em casos verídicos.

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Adolescent­es relatam sentir revolta, raiva e tristeza face a estes comportame­ntos

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