Jornal de Notícias

“Surpresa absoluta” mas bem recebida

Nunes da Fonseca empossado novo CEME. Escolha improvável indicia troca de nomes entre Marcelo e Costa

- Tiago Rodrigues Alves tiago.alves@jn.pt

O general Nunes da Fonseca, até agora 2.º comandante-geral da GNR, foi ontem empossado como chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) depois do pedido de demissão de Rovisco Duarte. Os oficiais elogiaram a escolha daquele que agora terá de chefiar um ramo militar abalado por várias polémicas, algumas ainda por encerrar.

O JN sabe que, apesar de reunir os critérios necessário­s, a nomeação de Nunes da Fonseca foi uma “surpresa absoluta” para os militares, o que indicia que terá havido uma intensa troca de nomes entre o Governo e o presidente da República até chegarem a consenso. O nome do novo CEME foi anunciado na manhã de ontem, em Bruxelas, por António Costa, frisando que reuniu a unanimidad­e do Conselho Superior do Exército. Durante a tarde, um Conselho de Ministros eletrónico aprovou Nunes da Fonseca para que fosse formalment­e proposto ao presidente da República ainda a tempo de tomar posse durante o dia de ontem.

Ao final da tarde, o general Nunes da Fonseca foi empossado CEME, prestando juramento na presença do presidente, primeiro-ministro e do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho. Na cerimónia esteve também o anterior CEME, Rovisco Duarte, que trajou fato e gravata, de acordo com a sua nova condição de militar na reserva após ser exonerado na quarta-feira. O novo CEME, tenente-general José Nunes da Fonseca, nasceu em 1961. Tem 38 anos de serviço e foi o primeiro do seu curso de Ciências Militares de Engenharia da Academia Militar.

UMA HERANÇA PESADA

O novo CEME herda a gestão de alguns processos complicado­s. Além do furto de armas de Tancos e da encenação da sua recuperaçã­o, terá o julgamento dos militares acusados da morte, em 2017, de dois recrutas no Curso de Comandos e ainda um processo de corrupção na messe dos oficiais da Força Aérea. Internamen­te, será pressionad­o para rever o Estatuto dos Militares e inverter a escassez de militares nas fileiras.

A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) elogiou a escolha de Nunes da Fonseca, “um militar consensual” e “muito dialogante”. O coronel António Mota, presidente da AOFA, afirmou que “cumpre, à partida, aquilo que era fundamenta­l, que era ser um militar consensual”, em que “toda a hierarquia do Exército se revê como sendo um comandante e um líder”.

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Com 38 anos de serviço, Nunes da Fonseca era 2.º comandante-geral da GNR

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