Jornal de Notícias

Abstenção alastra dos jovens para a meia-idade

Cada vez mais pessoas não se identifica­m com nenhum partido. Governo promete facilitar voto

- Tiago Rodrigues Alves tiago-alves@jn.pt

A abstenção está a crescer nos portuguese­s entre os 30 e os 44 anos, revela um estudo ontem apresentad­o nas PT Talks. E há cada vez mais pessoas que não se identifica­m e não se sentem próximas de qualquer partido. Ontem, o Governo anunciou medidas para facilitar o voto.

A elevada abstenção entre os jovens é um fenómeno que já vem dos anos 80. Porém, agora está também presente na faixa etária seguinte (entre os 30 e 44 anos), revela um estudo coordenado por João Cancela e Marta Vicente, realizado a pedido do “think tank” Portugal Talks.

Outra das conclusões do trabalho ontem apresentad­o é que houve um “aumento progressiv­o” de portuguese­s que “afirma não se identifica­r, nem se sentir próximo de qualquer partido político”.

Na apresentaç­ão da iniciativa, Nuno Garoupa, professor universitá­rio e membro do conselho científico da Portugal Talks, estimou que, à custa da abstenção, em 2015 o Parlamento representa menos 850 mil eleitores do que há 20 anos.

Outros números destacados foram a perda de um milhão de eleitores entre as presidenci­ais de 1996 e as de 2016 ou ainda de meio milhão de eleitores entre as legislativ­as de 1995 e as de 2015, sendo que nestes 20 anos os três principais partidos perderam 1,3 milhões de eleitores, havendo um cresciment­o de 100 mil votos brancos e nulos.

MUDANÇAS JÁ EM 2019

Nas próximas eleições europeias (maio do próximo ano) já se poderá votar apenas com o cartão de cidadão, dispensand­o-se o número de eleitor. Se souber que não irá estar no seu círculo eleitoral no dia das eleições, poderá votar na capital do distrito onde estiver na semana anterior, desde que avise com 10 a 14 dias de antecedênc­ia, anunciou a secretária de Estado Adjunta e da Administra­ção Interna, Isabel Oneto, salientand­o que deixa de ser necessário apresentar uma justificaç­ão para o voto antecipado.

Outras medidas a implementa­r serão a introdução do voto através de uma matriz para cidadãos com deficiênci­a visual e o acesso ao recenseame­nto automático de cidadãos residentes no estrangeir­o, se assim o desejarem.

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