Jornal de Notícias

AR quer impedir magistrado­s de suspender jubilação

Podem interrompe­r reforma para julgar litígios fiscais em tribunais arbitrais

- NELSON MORAIS COM LUSA

Os magistrado­s que beneficiem do regime especial de jubilação e decidam ir fazer arbitragem tributária vão perder definitiva­mente o estatuto de jubilados. Isso é o que preconiza o projeto de lei apresentad­o pelo Bloco de Esquerda e aprovado ontem, na generalida­de, pela Assembleia da República. Só o CDS votou contra.

Está em causa uma alteração do regime jurídico da arbitragem tributária, por este permitir, desde 2012, que os magistrado­s jubilados apenas tenham de suspender esta condição, por períodos de um ano renováveis, se quiserem julgar litígios fiscais nos tribunais arbitrais – uma alternativ­a privada aos tribunais do Estado, em que este tem feito uma aposta significat­iva.

A jubilação é um regime mais favorável do que o regime geral da aposentaçã­o pública, nomeadamen­te em termos financeiro­s, que compensa a exclusivid­ade exigida aos juízes no ativo e depois disso. “Admitir a possibilid­ade de exercício remunerado de funções de arbitragem tributária e posterior regresso ao estatuto da jubilação desvirtua, de forma ostensiva, o estatuto da jubilação”, defende o BE.

Se o projeto de lei bloquista for aprovado na especialid­ade e promulgado, os jubilados vão poder fazer arbitragem, mas terão de renunciar a essa condição, aplicando-se-lhes o regime geral da aposentaçã­o.

Ontem, a Assembleia apreciou outros dois projetos de lei sobre arbitragem. O BE e o PCP propunham que o Estado não pudesse recorrer à arbitragem administra­tiva e tributária. Como era previsível, tais propostas foram chumbadas pelo PSD, PS e CDS.

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