Jornal de Notícias

“Não sei se algum dia voltará ao normal”

Cooperativ­a Agrícola Estragos somam mais de um milhão de euros numa altura em que associados passam por crise

- JOÃO PEDRO CAMPOS

Uma semana depois da passagem do “Leslie”, o presidente da Cooperativ­a Agrícola de Montemor-o-Velho, José Armindo, ainda tem dificuldad­e em entrar nas instalaçõe­s. “Cheguei aqui no domingo às nove da manhã e nem queria acreditar. Se o temporal tivesse demorado mais meia hora, estou em crer que não ficaria nada de pé”, exclama.

Grande parte das coberturas voou e os escritório­s ficaram completame­nte destruídos. Uma semana depois, alguns documentos em papel da cooperativ­a ainda estão a secar nas escadas que dão acesso aos escritório­s. Agora, os 35 trabalhado­res nas instalaçõe­s estão, aos poucos, a reconstrui­r o espaço.

“Temos a agravante de os associados do Vale do Mondego terem prejuízos de 70% a 100% nas suas culturas. Para além disso, o sistema de secagem da cooperativ­a foi um dos mais afetados e temos muitos agricultor­es que precisam dele”, completa.

AGRICULTUR­A EM CRISE

Em 40 anos de existência, nunca a Cooperativ­a Agrícola de Montemor-o-Velho tinha passado por uma situação semelhante. José Armindo recorda as cheias de janeiro de 2001 como a situação mais complicada antes da tempestade. “Na altura foi 10% disto”, entende.

José Armindo estima prejuízos de um milhão de euros, sendo a empresa mais afetada no concelho de Montemor-o-Velho.

O presidente da cooperativ­a agrícola assegura ainda que, no milhão de euros, não está contabiliz­ada a última semana, em que não estiveram a laborar.

“Este temporal surge numa altura em que a situação da agricultur­a no Vale do Mondego já estava em crise”, afirma.

Quanto ao futuro, o presidente da cooperativ­a ainda espera a peritagem por parte da companhia de seguros mas tem dúvidas que cubra todos os prejuízos.

“Mesmo os apoios do nistério da Agricultur­a não sei se nos abrangem. Era impensável calcular uma coisa desta dimensão”, defende, enquanto completa que não sabe quanto tempo levará até que a Cooperativ­a Agrícola de Montemor-o-Velho volte a laborar normal mente. “Nem sei se algum dia vai voltar ao normal lamenta.

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Telhado voou e escritório­s ficaram com dezenas de documentos estragados

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