Jornal de Notícias

“Zé dos Leitões” ficou sem fornos

Restaurant­e Assador do homem que vende porco assado para as estações de serviço das autoestrad­as ficou destruído

- JOÃO PAULO COSTA

O homem que vende leitões para estações de serviços das autoestrad­as viu a vida a andar para trás na noite de sábado. A vida e o negócio. Sete dos oito fornos do “Zé dos Leitões” foram varridos pelo furacão, que desfez as estruturas em tijolo e partiu as chaminés como quem parte um ovo. Fez ainda voar o telhado do armazém onde a empresa guarda a lenha. Do telhado do assador, onde 1000 telhas estão a ser substituíd­as, vê-se bem os estragos, como o tal cobertura, cuspida pelo Leslie a mais de 100 metros para o terreno do vizinho. Só esta tinha custado “perto de 30 mil euros há poucos anos”. É a única referência que tem dos prejuízos porque o perito da seguradora só ontem ia ver o que poucos acreditari­am ser possível em Casal de Almeida, lugar de Soure.

UM PARA DESENRASCA­R

José Martins, de 60 anos, continua “elétrico” porque a tempestade não lhe sai da cabeça. O relógio andava pelas 22.30 horas e o empresário estava na cozinha exterior da casa (situada ao lado do assador) com a mulher e o neto de cinco anos. A criança estava assustada porque a luz falhava e o vento era violento. De tal forma que a mulher insistiu em irem para casa. “Mal entramos, ouvimos um estrondo. Pensei que o Mundo tivesse acabado da porta para fora, com tudo morto por aí abaixo”, aponta. “Só não morreu por acaso, se tem sido de dia, estávamos aqui a chorar por muitos”, diz convicto. Foi uma sorte dentro do azar, como foi não ter sido em dezembro ou agosto, “meses de leitão”. Mesmo assim havia muitas encomendas para o dia seguinte. “Os sete fornos mais em tijolo estavam danificado­s, só o maior, que leva 18 porcos de cada vez, dava para trabalhar, mas para isso tivemos de improvisar uma chaminé com os destroços. Foi uma luta contra o tempo, mas ao meio-dia já tínhamos tudo assado”, diz orgulhoso. Será este assador que o vai desenrasca­r para já, porque os outros têm de ser substituíd­os. Os fornos e muitas paredes, que saíram do sítio depois de uma viga em ferro solta as ter furado e empurrado. Obras só de janeiro a março, época baixa, porque o assador, que serve restaurant­e, particular­es e estações de serviço, “não pode parar agora”.

 ??  ??
 ??  ?? José junto a um dos sete fornos danificado­s. Centenas de telhas no chão e um telhado que voou
José junto a um dos sete fornos danificado­s. Centenas de telhas no chão e um telhado que voou

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal