“Zé dos Leitões” ficou sem fornos
Restaurante Assador do homem que vende porco assado para as estações de serviço das autoestradas ficou destruído
O homem que vende leitões para estações de serviços das autoestradas viu a vida a andar para trás na noite de sábado. A vida e o negócio. Sete dos oito fornos do “Zé dos Leitões” foram varridos pelo furacão, que desfez as estruturas em tijolo e partiu as chaminés como quem parte um ovo. Fez ainda voar o telhado do armazém onde a empresa guarda a lenha. Do telhado do assador, onde 1000 telhas estão a ser substituídas, vê-se bem os estragos, como o tal cobertura, cuspida pelo Leslie a mais de 100 metros para o terreno do vizinho. Só esta tinha custado “perto de 30 mil euros há poucos anos”. É a única referência que tem dos prejuízos porque o perito da seguradora só ontem ia ver o que poucos acreditariam ser possível em Casal de Almeida, lugar de Soure.
UM PARA DESENRASCAR
José Martins, de 60 anos, continua “elétrico” porque a tempestade não lhe sai da cabeça. O relógio andava pelas 22.30 horas e o empresário estava na cozinha exterior da casa (situada ao lado do assador) com a mulher e o neto de cinco anos. A criança estava assustada porque a luz falhava e o vento era violento. De tal forma que a mulher insistiu em irem para casa. “Mal entramos, ouvimos um estrondo. Pensei que o Mundo tivesse acabado da porta para fora, com tudo morto por aí abaixo”, aponta. “Só não morreu por acaso, se tem sido de dia, estávamos aqui a chorar por muitos”, diz convicto. Foi uma sorte dentro do azar, como foi não ter sido em dezembro ou agosto, “meses de leitão”. Mesmo assim havia muitas encomendas para o dia seguinte. “Os sete fornos mais em tijolo estavam danificados, só o maior, que leva 18 porcos de cada vez, dava para trabalhar, mas para isso tivemos de improvisar uma chaminé com os destroços. Foi uma luta contra o tempo, mas ao meio-dia já tínhamos tudo assado”, diz orgulhoso. Será este assador que o vai desenrascar para já, porque os outros têm de ser substituídos. Os fornos e muitas paredes, que saíram do sítio depois de uma viga em ferro solta as ter furado e empurrado. Obras só de janeiro a março, época baixa, porque o assador, que serve restaurante, particulares e estações de serviço, “não pode parar agora”.