“Não há muita castanha, mas a que há é boa”
Grande qualidade pode ajudar a compensar a quebra da produção que se prevê este ano em Trás-os-Montes
Já se anda na apanha das primeiras castanhas nos soutos transmontanos. Tudo indica que será um ano de colheita razoável, pelo menos em qualidade, nos concelhos de Bragança e Vinhais. “Não há muita castanha, mas a que há é grande, tem bom aspeto e é muito boa. Julgo que 2018 será melhor do que 2017, em que a quebra da produção foi muito elevada e acarretou grandes prejuízos”, referiu António Pires, um produtor da aldeia de Parada, em Bragança.
As castanhas que já caem, as temporãs, são das que mais lucro aportam aos produtores que as vendem ainda nos soutos, com preços entre 2,5 e os três euros por quilo, valor superior ao da longal e judia, a mais tradicional na região, que cai mais tarde. “Mais houvesse mais vendia desta castanha de cedo. Este fruto continua a ser o nosso ouro na agricultura”, admitiu o produtor, que tem um hectare de soutos com castanha de cedo, que representam uma pequena percentagem no total de oito hectares de castanheiros que plantou. Por ano, António produz cerca de oito mil quilos.
FEIRAS SETORIAIS
São as castanhas do início do outono que alimentam as feiras setoriais, como a Rural Castanea de Vinhais, que se realiza este fim de semana. Esse concelho produz uma média de 15 mil toneladas por ano, que representam cerca de 25 milhões de euros. Aliás, Vinhais e Bragança são os maiores produtores do país. Daí que os agricultores andem aflitos com a disseminação da vespa-da-galha-do-castanheiro. Em Vinhais, estão identificados mais de 500 soutos com a praga. A esperança reside na luta biológica, com parasitoides (turini senisi). “Já fizemos 52 largadas e constatou-se que em 50% dos soutos estão a resultar”, explicou Albino Bento, responsável pelo Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos.