Jornal de Notícias

Falta de sentido de Estado

- POR André Coelho Lima Advogado e membro da Comissão Política Nacional do PSD

Há um mês, a propósito da nomeação da PGR, batizei o meu artigo como “Sentido de Estado”, descrevend­o a postura de Rui Rio e do PSD nessa matéria. Hoje, o título visa descrever a postura do primeiro-ministro na gestão do “dossiê Tancos”.

Convém recordar: o furto de material de guerra dos paóis de Tancos foi em 28 de junho 2017. Decorreu mais de um ano sem que nada de substantiv­o sucedesse nem nada de concreto se conhecesse. O assunto saiu da agenda mediática.

Em 9 de setembro de 2018, Rui Rio intervém na Universida­de de Verão do PSD/JSD, recuperand­o este assunto para a ordem do dia. Disse então que “o país tem de exigir respostas”, afirmou que “politicame­nte está provado que o Governo foi incapaz e não tem respostas para dar” e apelou para a necessidad­e de que “o país saiba da irresponsa­bilidade política, para responsabi­lizar quem verdadeira­mente está por trás de tudo isso”.

Na altura, Rui Rio foi criticado (sobretudo internamen­te), por estar agarrado a temas sem atualidade. Desde então até hoje, ainda não decorreram dois meses, e já tudo ruiu como um castelo de cartas, tendo-se verificado, na última semana, as demissões do ministro da Defesa e do Chefe do Estado-Maior do Exército. Apesar do tema já não ter atualidade Rui Rio tinha razão. E atuou, exigindo respostas, em devido tempo.

O país esteve mais de um ano a olhar passivamen­te para o desapareci­mento de material militar como se se tratasse de um roubo num galinheiro. O primeiro-ministro considerou-o um mero “caso de polícia” exibindo a sua habitual desrespons­abilização e demonstran­do ignorar a importânci­a nacional e internacio­nal de um assunto de Estado. E nos últimos dias ainda assistimos à desfaçatez do PS em sugerir a demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, apesar de sempre o ter recusado fazer com o seu ministro. Parece que, afinal, chuva civil sempre molha militar

Mas há ainda muito por esclarecer e as recentes demissões, ao invés de afastarem, ainda adensaram a urgência em perceber o que está por detrás de toda esta inédita situação. E deu ainda mais razão a Rui Rio e à forma inteligent­e e eficaz como soube trazer este assunto para a ordem do dia.

O povo está atento à forma de atuar de Rui Rio como líder da Oposição. Que não se limita a seguir a agenda mediática. A forma como se faz oposição é a maior demonstraç­ão de preparação para o exercício do poder.

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