Mas que povo é este?!
Num país aqui ao lado, a escassos quilómetros, há um povo com uma língua, uma cultura, um hino e uma bandeira próprias e antigas, que a cada dia se levanta firme, por cada noite que em Portugal se adormece anestesiado por vários meios. Os homens que daqui partiram para terras de Espanha, para lutarem ao lado dos que morreram pela liberdade, em tempos de franquismo e de falangismo, parece não existirem mais. O amorfismo está instalado neste retângulo que faz o todo ibérico, acrescentando-nos apenas indiferença e afastando-nos da solidariedade de que o povo catalão precisa e merece. A Catalunha é já aqui, e não no fim do Mundo. Jovens e velhos catalães, homens e mulheres lutam por uma causa justa de séculos, e nós assobiamos para o lado como que incomodados por algum desconforto provocado por um mau vizinho, que se manifesta enchendo “carrers i avingudes” dolorosas. Na guerra civil por terras de moinhos fantasiosos e de fuzilamentos cegos mas reais, portugueses houve que partiram para morrerem ao lado dos irmãos “rojos” e contra as amarras castelhanas, com o nobre intuito de derrotar o fascismo. Nos dias de hoje, em Portugal, constata-se um escuro apagão, quer nos média, quer nos meios de mobilização, que nos torna a todos paralíticos e idiotas. Sete milhões e meio de catalães estão atirados à sua sorte, sem poderem contar com o auxílio de um povo tão próximo: nós. “Que povo. Mas que povo é este”? JOAQUIM A. MOURA jabilmoura@gmail.com