Lá fora / França
Dunquerque, a cidade onde ninguém paga nos autocarros
revolução silenciosa que se está a viver na mobilidade da cidade francesa de Dunquerque, onde, há cerca de um mês, os autocarros passaram a ser totalmente gratuitos para residentes e turistas. Pessoas que nunca andavam de transportes públicos deixam agora o carro em casa e não poupam elogios à medida. O sistema começou por se aplicar apenas ao fim de semana, mas foi alargado a todos os dias.
Dunquerque, cidade situada no Norte de França, com cerca de 70 mil habitantes – mas onde a população chega aos 200 mil, contabilizando a área metropolitana – tornou-se na maior cidade da Europa a oferecer transportes públicos gratuitos. Não há elétricos, tróleis ou comboios suburbanos, mas os autocarros são acessíveis e gratuitos – não exigem bilhetes ou passes – para todos os passageiros, inclusive para os visitantes.
O esquema inspirou-se em Talin, na Estónia, que em 2013 se tornou na primeira capital europeia a oferecer um serviço sem tarifas em autocarros, elétricos e tróleis, mas apenas para residentes no município. Cada pessoa paga dois euros por um “cartão verde”, após o qual todas as viagens são gratuitas. O resultado foi um aumento de 25 mil residentes registados.
No caso francês, os responsáveis de Dunquerque fizeram questão de associar uma imagem jovem e atraente à campanha. Por isso, os autocarros urbanos que percorrem a histórica cidade portuária são pintados com cores fortes – rosa, laranja, verde, amarelo e azul – têm estofos a combinar e rede wi-fi. As autoridades urbanas têm planos para debates, música e até festas ocasionais nos veículos, a bordo dos quais já existe uma câmara selfie.
TENDÊNCIA EM CRESCENDO
Mas Dunquerque não é caso único. Wojciech Keblowski, especialista em pesquisa urbana da Universidade Livre de Bruxelas, conduziu um estudo que revela que em 2017 havia 99 redes de transportes públicos gratuitas em todo o Mundo, das quais 57 na Europa.
Entretanto, a Alemanha anunciou este ano que quer testar o esquema em cinco cidades, entre as quais Bona, Essen e Mannheim.
Patrice Vergriete, presidente da Câmara de Dunquerque, salienta que os sete milhões de euros investidos na campanha “não representam muito” quando se pensa nos benefícios para a comunidade.