Anabel Gulias
Conselheira de Promoção da Cidade e Urbanismo de Pontevedra
Um artigo no jornal inglês “The Guardian” foi decisivo na divulgação do modelo de mobilidade adotado por Pontevedra. A cidade galega ganhou visibilidade a nível mundial e hoje os seus responsáveis são chamados a dar o seu testemunho em conferências temáticas que acontecem por toda a parte.
O modelo de Pontevedra como cidade sem carros está a dar a volta ao Mundo, não é?
Desde há algum tempo que estamos a participar em conferências e palestras para falar de Pontevedra. É um orgulho falar do nosso modelo em cidades tão importantes como Cidade de México, Foz do Iguaçu (Brasil), Pequim e Shenhzen (China), e numa série de sítios em que seria impossível fazê-lo. É muito importante dar a conhecer Pontevedra e que esta cidade encontre o seu lugar no Mundo. Sobretudo depois da publicação do jornal inglês “The Guardian”, tomamos consciência do grande salto que demos a nível mundial.
Foi determinante?
Sim. O artigo teve muita repercussão. Recebemos uma quantidade enorme de mensagens de meios de comunicação que se interessaram por nós e pela nossa transformação urbana. É duplamente bom, porque melhoramos a qualidade de vida da nossa população e também porque isso contribuiu de maneira inesperada para um posicionamento internacional. Isso nunca teria sido possível mesmo que tivéssemos usado a totalidade dos recursos do orçamento municipal para publicitar Pontevedra como destino.
Há zonas onde circulam carros. Como explica o vosso modelo?
Gosto especialmente desta zona (Praça de Espanha e Rua Michelena) porque é perfeita para explicar o que acontece nesta cidade. Podemos ver pessoas a caminhar nas ruas, bicicletas e automóveis a fazer cargas e descargas. Pontevedra não proibiu os carros, o que se estabeleceu é que quem manda na cidade são as pessoas. Os veículos motorizados têm de fazer o seu trabalho respeitando os peões. Esse é o segredo do êxito: a combinação dos três tipos de tráfico. Dizemos sempre como brincadeira que aqui os automóveis estão domesticados. Se aqui alguém apitar, com certeza não é da cidade. É de fora.