Jornal de Notícias

“Porto e Lisboa são cidades congestion­adas”

Estratégia de Pontevedra é “um excelente exemplo” e “uma vitória” do planeament­o urbano, mas especialis­tas dizem que é difícil de replicar nas maiores cidades portuguesa­s

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urbano@jn.pt

Três especialis­tas em mobilidade urbana, ouvidos pelo JN Urbano, coincidem num ponto: o modelo implementa­do na cidade galega pode e deve ser seguido, nas suas várias vertentes, em Portugal, mas por municípios com uma dimensão semelhante. Serve a todos, no entanto, a fórmula adotada de combinação de diferentes meios de transporte como forma de promoção da melhoria da mobilidade e da qualidade de vida.

“A cultura do automóvel está muito enraizada entre nós, mas esse é um aspeto curioso

ANÁLISE

do modelo de Pontevedra, em que o automóvel não está proibido, mas sim condiciona­do, ou seja, promove-se a articulaçã­o do transporte individual com os movimentos pedestres e o transporte público. E esse deveria ser um dos exemplos mais importante­s a tentar implementa­r em Portugal, incluindo nas grandes cidades”, defende Avelino Oliveira, arquiteto e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universida­de de Lisboa.

Já Fernando Nunes da Silva, ex-vereador da Câmara de Lisboa, aponta Évora como “bom exemplo” e diz que, ao nível da mobilidade, “já se fez alguma coisa em cidades como Guima- rães, Beja e Ílhavo ”, mas considera que Porto e Lisboa são “cidades congestion­adas”. “Falta coragem política” ao nível do planeament­o urbano”, diz.

“Lisboa é neste momento das cidades mais congestion­adas da Europa”, sublinha, consideran­do também que o Porto “perdeu uma oportunida­de” de se redesenhar, introduzin­do restrições aos automóveis e mais intermodal­idade, aquando da construção da rede de Metro.

Já António Babo, docente da Secção de Planeament­o do Território e Ambiente (SPTA) da Faculdade de Engenharia da Universida­de do Porto, refuta a possibilid­ade de aplicação do modelo de Pontevedra àquelas duas cidades, devido “a enorme diferença de escala”. Mas considera que “a Portugal não faltam pequenas cidades (centros e periferias) onde há possibilid­ade efetiva de replicar este caso”. “A possibilid­ade resultará sobretudo da vontade, determinaç­ão e clareza das políticas a prosseguir”, defende.

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Rua de Santa Catarina é uma das poucas artérias do Porto onde mandam os peões

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