Assaltantes em prisão de alta segurança para evitar nova fuga
Gangue dos gémeos Fernando e Emanuel asfixiava idosos com sacos de plástico
Os assaltantes que, na quinta-feira, fugiram do Tribunal de Instrução Criminal do Porto e acabaram capturados no dia seguinte pela PSP deverão, em breve, ser transferidos de Custoias para a cadeia de alta segurança de Monsanto. Sobre os três indivíduos – os irmãos gémeos Fernando e Emanuel Santos, 34 anos, mais o sobrinho Hugo Saraiva “Shevchenko”, 20 anos – recai risco acrescido de fuga.
A informação, recolhida pelo JN junto de fonte prisional, explica-se pela “perigosidade” dos indivíduos, mas “sobretudo porque se já se evadiram uma vez, tentarão novamente”, explicou a fonte, acrescentando ser “política dos Serviços Prisionais” colocar “os reclusos mais perigosos” nas cadeias de Monsanto e Paços de Ferreira.
No entanto, “quando se trata de presos já evadidos ou que protagonizaram tentativas”, como é o caso, “são sempre transferidos para Monsanto”, onde a “fuga é impossível”. A mesma fonte acrescentou que serão separados e “colocados em celas individuais”, de onde sairão “apenas uma hora por dia”. Ficarão também impedidos de contactar outros reclusos.
REAÇÕES DOS RECLUSOS
Após a fuga de quinta-feira, que durou 24 horas, terminando no parque de campismo de Medas, Gondomar, o trio criminoso chegou à cadeia de Custoias pelas 21 horas de sexta-feira, sob escolta de dezenas de agentes da PSP. Confiados aos Serviços Prisionais, os indivíduos que compunham um bando de assaltantes violentos que tinha como principais alvos pessoas idosas, endinheiradas e a viver sozinhas, foram imediatamente levados para o pavilhão D, onde costumam ficar provisoriamente os recém-chegados.
Os guardas prisionais não os separaram e tinham instruções para estarem “atentos”, depois da mediatização da sua fuga, e por causa das reações da população prisional
– “uns festejaram a fuga, outros estavam ansiosos pela sua chegada para os questionarem sobre agressões a idosos”.
Ao que o JN apurou, os gémeos “passaram uma noite tranquila”, ao contrário do sobrinho, Hugo “Shevchenko”, que terá demorado a “adormecer”, manifestando “sinais de agitação”.
AMEAÇAS DE MORTE
Durante a operação de recaptura, “Shevchenko” (condenado há dias a cinco anos de prisão, com pena suspensa, noutro processo), foi o único que tentou reagir à detenção.
Filho de uma irmã dos gémeos Santos – a mulher está na prisão – “Shevchenko”, já manietado, não parou de gritar ameaças aos agentes policiais, desde o parque de campismo até à Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto. E depois até Custoias. Terá dito que não mais se esqueceria da cara dos polícias e que, quando sair em liberdade, irá matá-los a todos.
Os visados, que conhecem o percurso criminoso e a personalidade do suspeito, reportaram as ameaças no inquérito.
Eram 17.20 horas de quinta-feira quando Fernando e Emanuel Santos, mais o sobrinho, Hugo, e a namorada de Emanuel abandonaram a sala do Tribunal de Instrução Criminal do Porto onde ouviram o juiz decretar as medidas de coação: prisão preventiva para os homens e apresentações semanais, mais proibição de contactos, para a mulher, grávida do companheiro.
Àquela hora só haveria três elementos policiais no tribunal. Por isso, apenas um deles foi destacado para fazer descer às celas os violentos ladrões. A namorada, que poderia ter saído pela porta da frente, acompanhou-os. E foi já com os suspeitos atrás da porta de grades que ela – que vira o agente fechar a cela e pousar as chaves numa pequena caixa próxima – perguntou se podia despedir-se do “pai do filho”, enquanto batia com a mão no proeminente ventre.
O agente “não conseguiu negar”, contou um colega. Como “eles estavam fechados”, não viu “nenhum problema”. Sem pensar que pousara as chaves numa secretária ao alcance da mulher, deixou o local, para tratar do transporte dos presos. Quando se lembrou, “segundos depois”, correu e “quase desmaiava” quando viu a porta escancarada. Dos presos e da mulher, com quem se cruzara ao correr para a cela, nem sinal. Deu o alarme e, pensando que estivessem ainda no edifício, pediu aos colegas que os procurassem.
Não havia agentes para vasculhar todo o edifício. Os indivíduos fugiram, saltando por uma janela.