Carga de impostos ainda é maior do que antes da troika
Famílias vão continuar a pagar mais IRS no próximo ano do que em 2010, de acordo com o Orçamento do Estado Aumento substancial na tributação dos automóveis. IRC disparou para negócios com prejuízos
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Os portugueses vão sentir mais a carga dos impostos em 2019 do que sentiram em 2010, ano anterior à vinda da troika. Isso é verdade no IRS, no imposto sobre veículos (ISV), no imposto único de circulação (IUC) e, nalguns casos, no IRC, o tributo que afeta diretamente a vida das empresas. No caso do imposto municipal sobre imóveis (IMI), a situação piora só no caso em que o valor patrimonial tributário (VPT) é relativamente elevado para a média do mercado português.
As conclusões resultam de uma série de simulações efetuadas para o JN pela consultora PwC. Os casos retratados (ver infografia) pretendem mostrar sempre os mesmos pontos de partida, embora analisados em dois momentos bem diferentes (2010 e 2019). Dentro de cada imposto simulado, a PwC mostra várias situações distintas ao nível dos rendimentos e situação familiar (IRS), rentabilidade e faturação (IRC), preço e características técnicas (veículos) e, por fim, valor patrimonial (casas).
AUMENTO BRUTAL EM 2012
Depois do “aumento brutal do IRS”, em 2012, conclui-se agora que o país ainda não recuou ao período pré-troika. O agravamento da carga fiscal é notório em todos os rendimentos e situações familiares. Por exemplo, um solteiro com 11 200€ de rendimento anual pagou 177,56€ de imposto em 2010, mas em 2019 o montante a entregar ao Fisco dispara para 576,85€. A tendência de agravamento verifica-se também quando os rendi-
mentos do contribuinte solteiro são superiores.
Em todos os casos retratados, há duas diferenças fundamentais quando se comparam anos tão distantes: em 2010, não existia o conceito de despesas gerais familiares (categoria de deduções onde entra quase tudo, desde a conta do supermercado à conta da luz ou a compra de um eletrodoméstico). Por outro lado, o teto de deduções com despesas de saúde foi cortado. Em termos concretos, uma família com dois filhos que tenha tido despesas de saúde de 2000€ podia deduzir 600€ em 2010 e apenas 300€ em 2019.
No caso do IRC, há um agravamento da carga fiscal em grandes empresas (lucro tributável de 125 milhões de euros). No caso daquelas que só apresentam prejuízos, a tributação dispara, independentemente da dimensão da empresa.