Jornal de Notícias

Pensionist­a “Aumento extra é uma ajuda, todos os trocos contam”

António Ribeiro Dos 380 euros de reforma por invalidez, gasta 175 euros na renda. Saúda a atualizaçã­o em 2019

- Delfim Machado economia@jn.pt

O orçamento mensal de António Ribeiro, de Guimarães, é um exercício fácil de fazer porque pouco lhe sobra. Dos 380 euros de reforma por invalidez, o pensionist­a de 49 anos da freguesia de Fermentões gasta 175 euros na renda, 75 euros em medicament­os, e 33,50 euros no passe do autocarro que lhe permite ir à cidade. Sobram-lhe menos de 100 euros, os quais usa para pagar água, luz e para o pequeno luxo de ter televisão por cabo, que lhe custa cerca de 30 euros.

O que lhe falta em dinheiro sobra-lhe em simpatia e educação. Depois de uma vida a trabalhar na difícil indústria do calçado, reformou-se por invalidez há cinco anos, mas a pensão atribuída não foi alta. É solteiro e não tem filhos, pelo que a ajuda de uma tia e dos primos é fundamenta­l para conseguir chegar ao fim do mês com dinheiro. O aumento da pensão é, por isso, bem-vindo: “É uma ajuda, todos os trocos contam”.

Num orçamento familiar mensal de onde sobram menos de 50 euros, é preciso poupar em tudo e a comida não é exceção: “A minha tia ajuda-me com o almoço todos os dias e à noite faço uma sopa em casa, também não posso comer muito e acabo por poupar. Parece que não, mas faz muita diferença”. Já a roupa é a que os primos lhe dão em segunda mão quando já não precisam.

Qualquer aumento das despesas básicas como água, luz ou comida tem um impacto gigante no orçamento e na vida de António Ribeiro. Em sentido inverso, qualquer aumento do rendimento tem o mesmo grau de efeito positivo.

Para ir ao hospital e à Associação de Reformados e Pensionist­as de Guimarães, da qual é associado e visita regular, tem de pagar o passe do autocarro. É esse o destino do dinheiro do aumento da pensão: “Cheguei a ir ao hospital e ao médico de família e pagava menos de passe. O dinheiro de agora do passe dava-me para dois meses antes. Agora já vai dar uma ajuda”.

Apesar das vicissitud­es da vida, com a reforma antecipada e a perda dos pais num só ano, António Ribeiro é uma pessoa feliz. Tem na Associação “a segunda família” e não se furta aos convívios de grupo que o ajudam a esquecer as dificuldad­es .

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António Ribeiro vive em Fermentões, Guimarães

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