Jornal de Notícias

Recibo verde “Gostaria que fosse possível receber subsídio de férias”

Bruno Luís Formador licenciado, tem 35 anos e um rol de sugestões para melhorar o Orçamento

- Alexandra Barata economia@jn.pt

Bruno Luís contabiliz­a três anos de incertezas no currículo. Licenciado em História, tem-se candidatad­o a dar aulas em escolas públicas, mas as ofertas são sempre por curtos períodos de tempo. Prefere, por isso, dar formação profission­al. Tem trabalho assegurado por mais tempo, apesar de ser obrigado a passar recibos verdes.

Residente em Leiria, Bruno dá formação na Nazaré e em Pombal. Ter um contrato de trabalho a termo certo, num colégio, foi a melhor situação profission­al que conseguiu até hoje. Aos 35 anos, aprendeu a viver com a instabilid­ade de estar sempre à procura de trabalho e de ter meses mais desafogado­s e meses mais apertados.

Como em 2017 não fez retenção na fonte e teve um rendimento superior a dez mil euros, este ano o formador tem de pagar IVA. Para que nada falhe, vai amealhando o dinheiro que tem de entregar ao Estado. O problema é que uma das entidades onde dá formação deve-lhe cinco meses de salários. “Quando há falta de liquidez na tesouraria, o formador é o último a receber e eu estou a chegar ao fundo da minha conta de emergência”.

“Há meses mais folgados e há meses em que há feriados, pausas letivas e em que acabam as horas de formação. É nessa altura que desço à Terra e percebo que posso ter de voltar a contar os trocos”, explica Bruno. “Claro que isso me transtorna. Fico ansioso e preocupado”, confessa. Apesar disso, diz que têm sido introduzid­as alterações benéficas nos recibos verdes, nos últimos anos, como ter acesso ao subsídio de desemprego quando há uma quebra de rendimento­s de 40% (em vez de 60%) e a redução de 31 para 11 dias para poder usufruir do subsídio de doença.

Quanto às mudanças previstas no Orçamento para 2019, Bruno destaca pela positiva a redução da taxa contributi­va para a Segurança Social de 29,6% para 21,4% e o desconto em função do que se realmente fatura. “Gostaria, contudo, que o consumo de combustíve­l dos automóveis pudesse ser descontado no IVA, como sucede com as viaturas comerciais, e ainda que fosse possível receber subsídio de férias”.

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Bruno Luís, licenciado em História, reside em Leiria

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