Cinco paróquias e sem férias há três anos
Padre Ricardo Machado chega a fazer 1100 quilómetros por semana e tem sábados com vários casamentos, batizados, funerais, missas e reuniões
Ricardo Machado é um entre muitos padres que se multiplicam em deslocações, todas as semanas, para dar resposta a várias paróquias. No seu caso são cinco: Carlão, Pegarinhos, Santa Eugénia e Vila Chã, em Alijó, e ainda Sobreira, no concelho vizinho de Murça.
Não tira férias há três anos e chega a fazer uma média de 1100 quilómetros por semana para rezar missas e visitar os doentes e os paroquianos mais isolados, gerir questões burocráticas ou apenas para ser um ombro amigo. “Temos de ser tudo para todos”, contou ao JN o padre de 35 anos.
Sacerdote há uma década, faz questão de “passar pelas 12 aldeias das paróquias e não só para rezar a missa”. “É uma população envelhecida, que precisa de apoio. Passo por todas as aldeias, até as mais pequenas, mas tenho de reconhecer que não é fácil”, admite Ricardo Machado.
Para dar resposta a todas as solicitações conta com a ajuda de um diácono permanente que faz celebrações da palavra. “Hoje em dia, e com tantas paróquias, é essencial ter pessoas que nos ajudem e que referenciem quem necessita de atenção”, sublinha.
AGENDA MUITO PREENCHIDA
O acompanhamento dos doentes e das pessoas mais isoladas ou com dificuldades é uma das tarefas mais exigentes. “É um trabalho bastante cansativo, mas faço questão de o fazer porque percebo que é importante para as pessoas. Acontece de forma mais intensa no período do Advento e da Quaresma, sempre acompanhado por duas ou três pessoas que me ajudam”, conta.
Desde janeiro, já realizou 60 funerais e, só num dos sábados deste mês, teve três batizados, um casamento, um funeral, quatro missas e duas reuniões de catequistas, mas Ricardo Machado lembra a importância de não ser “apenas um funcionário”.
DAR ATENÇÃO A TODOS
“Este trabalho não pode ser feito de forma automática. Temos de dar uma atenção diferente a cada um dos casos”, sublinha.
Sobre o futuro e a diminuição do número de padres, Ricardo Machado acredita que o futuro passa por ter leigos a assumir algumas funções. “O importante é reunir as pessoas, rezar um terço e fazer a celebração da palavra, mas noto que ainda há algum receio em assumir essas funções”, admite.