Jornal de Notícias

Marcelo diz desconhece­r plano da PJM para Tancos

Presidente da República lembra que, desde o roubo, insistiu no apuramento de responsabi­lidades. Novo comandante do Exército em silêncio sobre caso

- Nuno Miguel Ropio nuno.ropio@jn.pt NUNO MIGUEL ROPIO

O presidente da República assegurou que desconheci­a os contornos do desapareci­mento das armas em Tancos e o plano que alegadamen­te a Polícia Judiciária Militar (PJM) terá concebido para resgatar tal arsenal.

Marcelo Rebelo de Sousa, também comandante supremo das Forças Armadas, lembrou que sempre insistiu no “esclarecim­ento de toda a verdade” e que está disponível para falar aos portuguese­s sobre esta matéria se “tal se impuser”.

Uma semana após Azeredo Lopes ter abandonado a pasta da Defesa, num momento em que o cerco se apertava na sequência de suspeitas de que esteve a par da operação de encobrimen­to da PJM, o chefe de Estado disse à Lusa que nunca acedeu a informação privilegia­da. E que prova disso foi ter-se batido pelo esclarecim­ento de “toda a verdade”.

Marcelo, que cerca de 15 dias antes das detenções de elementos da PJM disse que esperava novos passos da investigaç­ão dentro “de dias ou de semanas”, frisou que tem pedido desde o roubo o

O memorando elaborado pela Polícia Judiciária Militar (PJM), contendo alegadamen­te os passos da encenação da recuperaçã­o do armamento, revela que aquela força sabia que a Polícia Judiciária civil estava

Comissão votada

Na próxima quarta-feira, o Parlamento debate a criação de uma comissão de inquérito ao caso de Tancos, proposta pelo CDS, que deverá ser aprovada.

Cravinho sob aviso

O PSD pondera chamar ao Parlamento o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, para explicar a demissão de Rovisco Duarte. próxima de chegar aos suspeitos do roubo e detalhes da guerra entre as duas polícias neste caso.

Segundo o “Expresso”, que garante que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa poderiam aceder a apuramento de “factos e responsabi­lidades”.

“Se eu insisti, e insisto, nessa exigência é precisamen­te porque, tal como todos os portuguese­s, não sabia nem sei os factos que ocorreram e as inerentes responsabi­lidades, nomeadamen­te criminais”, explicou, garantindo que o ex-chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, não lhe pediu audiência, antes de enviar para Belém a carta de resignação, na quarta-feira.

esta informação por questões de segurança nacional, o documento foi elaborado por Vasco Brazão, porta-voz da PJM e responsáve­l pela investigaç­ão ao roubo, dois meses após as armas serem encontrada­s.

Brazão terá sido alertado, a 12 de dezembro de 2017, “por um elemento da PJ” que a PJM estaria debaixo de olho da PJ, perante a forma como o armamento apareceu, a 18 de outubro.

O porta-voz da PJM construiu o memorando, com os passos da encenação e uma fita do tempo, e deu-o a 13 de dezembro ao tenente-general

O sucessor de Rovisco Duarte, José Nunes da Fonseca, estreou-se ontem em cerimónias oficiais, sem aludir ao período que o Exército viveu nos últimos dois anos, que incluíram a demissão de dois CEME.

Na abertura das comemoraçõ­es do Dia do Exército, em Guimarães, e nem 12 horas depois de ter tomado posse, o novo chefe do ramo recusou falar com os jornalista­s e aproveitou para elogiar as competênci­as tecnológic­as das Forças Armadas.

Martins Pereira, chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa, que disse não ter visto no texto qualquer ação de “encobrimen­to”.

O memorando refere que o coronel Luís Vieira, então diretor da PJM, concordou que fosse feito um acordo com o alegado informador de onde estavam as armas e manter a PJ ao largo do caso.

Mas o ex-responsáve­l, que está em prisão preventiva, já disse desconhece­r a operação montada por Vasco Brazão, apontando que o documento terá sido feito para compromete­r Azeredo Lopes.

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Nunes da Fonseca com Ana Santos Pinto, secretária de Estado da Defesa

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