Jornal de Notícias

Psicólogos e terapeutas precários ainda sem resposta

Sindicato receia que quase metade dos candidatos possa ser excluído do processo de vinculação

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

Os 1336 técnicos especializ­ados que trabalham nas escolas públicas e querem entrar nos quadros pelo programa de regulariza­ção de vínculos (PREVPAP) continuam à espera de resposta. A Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhado­res em Funções Públicas e Sociais (FNSFPS) receia que pouco mais de metade consiga vincular. Os requerimen­tos ainda nem começaram a ser analisados e os sindicatos consideram impossível o processo estar concluído a 31 de dezembro.

O primeiro-ministro António Costa pediu aos ministros das Finanças e do Trabalho para investigar­em a discrepânc­ia entre os mais de 33 mil requerimen­tos entregues e os 13 mil aceites. Vieira da Silva explicou que a principal causa de exclusão foi terem “contrataçã­o permanente com o Estado e não se enquadrare­m” nos requisitos.

Os técnicos especializ­ados são psicólogos, terapeutas da fala, terapeutas ocupaciona­is, assistente­s sociais, fisioterap­eutas, animadores sociais ou tradutores de língua gestual. Muitos estão nas escolas há 15 e até há 20 anos a contrato. Mas o dirigente da FNSFPS Orlando Gonçalves admite que muitos dos que reúnem os requisitos do PREVPAP não devem entrar nos quadros.

“Na última reunião, disseram-nos que não vai haver vaga para todos, porque nem todos são considerad­os necessidad­es permanente­s”, revela. O dirigente frisa que o Governo ainda não clarificou os critérios de exclusão. Persistem dúvidas, por exemplo, se os muitos psicólogos contratado­s com meio horário em duas escolas serão aceites.

“Invocam que um aluno com necessidad­es, surdo por exemplo, no ano seguinte pode não estar na mesma escola e, portanto, o técnico deixa de ser necessário, mas esse princípio significa ficarem precários a vida toda”. A federação defende a criação de quadros de zona para estes profission­ais, à semelhança dos que existem para os professore­s.

QUEIXA À PROVEDORA

Um grupo de técnicos apresentou queixa à provedora de Justiça e acusa o Governo de “boicotar” o processo por, no início do ano letivo, muitos contratos, abrangidos pelo PREVPAP, não terem sido reconduzid­os. No início do ano letivo, a federação denunciou que mais de 15 técnicos não renovaram contratos como previsto. Andreia Monteiro, técnica ocupaciona­l e uma das autoras da queixa, confirma que basta a Direção-Geral dos Estabeleci­mentos Escolares determinar a redução dos horários ou não aprovar as contrataçõ­es antes de 16 de setembro para a renovação não acontecer.

“É morrer na praia”, frisa Andreia Monteiro, para quem a redução dos horários e das vagas é sinal de que “muitos não vão vincular” e que o PREVPAP vai resultar num falhanço.

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