Jornal de Notícias

Judiciária investiga contratos só para gastar dinheiro

Turismo do Porto e Norte de Portugal terá feito negócios com empresário de Viseu sem qualquer necessidad­e

- Alexandre Panda, Nuno Miguel Maia e Sandra Ferreira justica@jn.pt

A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está a investigar vários contratos celebrados pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) cujo intuito terá sido apenas gastar dinheiro disponível e beneficiar um empresário de Viseu, agora detido na Operação Éter, a par de Melchior Moreira, presidente daquela instituiçã­o. Os interrogat­órios judiciais dos cinco detidos prosseguir­am ontem, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, tendo sido ouvidos os arguidos Melchior e Isabel Castro, dirigente da TPNP.

As suspeitas decorrem de uma investigaç­ão iniciada em 2015, mas os principais negócios suspeitos reportam-se ao ano passado e ao corrente, num total de 70.

Os inspetores da PJ terão reunido indícios de que José Agostinho – empresário indicado como fornecedor e prestador de serviços para as lojas interativa­s de turismo – celebrou contratos por ajuste direto combinados com responsáve­is do TPNP devido à existência de dinheiro disponível nos cofres, mas sem que existisse qualquer necessidad­e por parte desta instituiçã­o.

Conforme o JN ontem noticiou, a investigaç­ão suspeita que as prestações referentes a vários contratos celebrados pelas sociedades de José Agostinho com o TPNP já eram executadas por funcionári­os da entidade encarregad­a de promover o turismo na Zona Norte.

Crimes em causa

No inquérito dirigido pelo DIAP do Porto, estão em causa suspeitas de crimes de tráfico de influência, corrupção, participaç­ão em negócio e falsificaç­ão.

Dormem na cadeia

As medidas de coação só serão conhecidas depois de concluídos os interrogat­órios, que prosseguem hoje. Os cinco detidos têm passado as noites na cadeia anexa à PJ do Porto.

Em concreto para vários negócios, a PJ detetou existirem nos quadros da instituiçã­o funcionári­os com competênci­a para executar as tarefas previstas em contratos adjudicado­s ao empresário de Viseu.

MELCHIOR OUVIDO

Os interrogat­órios que, desde anteontem, decorrem no Tribunal de Instrução Criminal têm incidido sobre estas e outras matérias. Ontem terminou a diligência relativa a Melchior Moreira e iniciou-se o confronto da juíza e procurador­a do Ministério Público com Isabel Ferreira Castro, diretora do departamen­to operaciona­l do TPNP referencia­da por ter uma relação muito próxima com Melchior.

A PJ considera serem estes os principais responsáve­is pela gestão do TPNP, conferindo ainda um papel importante a Gabriela Gomes, responsáve­l pelo núcleo de gestão de recursos financeiro­s e jurídicos.

José Agostinho e Manuela Couto, os dois restantes detidos, serão, na perspetiva da investigaç­ão, os maiores beneficiár­ios de negócios promovidos por Melchior Moreira.

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Melchior Moreira tinha uma relação muito próxima com Isabel Castro

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