Judiciária investiga contratos só para gastar dinheiro
Turismo do Porto e Norte de Portugal terá feito negócios com empresário de Viseu sem qualquer necessidade
A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está a investigar vários contratos celebrados pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) cujo intuito terá sido apenas gastar dinheiro disponível e beneficiar um empresário de Viseu, agora detido na Operação Éter, a par de Melchior Moreira, presidente daquela instituição. Os interrogatórios judiciais dos cinco detidos prosseguiram ontem, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, tendo sido ouvidos os arguidos Melchior e Isabel Castro, dirigente da TPNP.
As suspeitas decorrem de uma investigação iniciada em 2015, mas os principais negócios suspeitos reportam-se ao ano passado e ao corrente, num total de 70.
Os inspetores da PJ terão reunido indícios de que José Agostinho – empresário indicado como fornecedor e prestador de serviços para as lojas interativas de turismo – celebrou contratos por ajuste direto combinados com responsáveis do TPNP devido à existência de dinheiro disponível nos cofres, mas sem que existisse qualquer necessidade por parte desta instituição.
Conforme o JN ontem noticiou, a investigação suspeita que as prestações referentes a vários contratos celebrados pelas sociedades de José Agostinho com o TPNP já eram executadas por funcionários da entidade encarregada de promover o turismo na Zona Norte.
Crimes em causa
No inquérito dirigido pelo DIAP do Porto, estão em causa suspeitas de crimes de tráfico de influência, corrupção, participação em negócio e falsificação.
Dormem na cadeia
As medidas de coação só serão conhecidas depois de concluídos os interrogatórios, que prosseguem hoje. Os cinco detidos têm passado as noites na cadeia anexa à PJ do Porto.
Em concreto para vários negócios, a PJ detetou existirem nos quadros da instituição funcionários com competência para executar as tarefas previstas em contratos adjudicados ao empresário de Viseu.
MELCHIOR OUVIDO
Os interrogatórios que, desde anteontem, decorrem no Tribunal de Instrução Criminal têm incidido sobre estas e outras matérias. Ontem terminou a diligência relativa a Melchior Moreira e iniciou-se o confronto da juíza e procuradora do Ministério Público com Isabel Ferreira Castro, diretora do departamento operacional do TPNP referenciada por ter uma relação muito próxima com Melchior.
A PJ considera serem estes os principais responsáveis pela gestão do TPNP, conferindo ainda um papel importante a Gabriela Gomes, responsável pelo núcleo de gestão de recursos financeiros e jurídicos.
José Agostinho e Manuela Couto, os dois restantes detidos, serão, na perspetiva da investigação, os maiores beneficiários de negócios promovidos por Melchior Moreira.