Jornal de Notícias

Operadoras vão receber mais dinheiro para renovarem a frota

AMP ficará com a receita dos passes e pagará às empresas por quilómetro, a partir de 2020

- Carla Sofia Luz carlaluz@jn.pt

Os operadores rodoviário­s de transporte público do Grande Porto que obtenham licença para operar carreiras na região a partir de 2020 terão uma ajuda para renovar a frota de autocarros. A Área Metropolit­ana do Porto (AMP) vai pagar o serviço prestado por cada empresa ao quilómetro. Mas esse valor por quilómetro será reforçado, de modo a que haja mais fôlego financeiro para cumprir a exigência de diminuição da idade média da frota.

O concurso público internacio­nal para a atribuição de licenças de operação das li- nhas de transporte público no Grande Porto, que será lançado, o mais tardar, em janeiro de 2019, dividirá a região em lotes, atribuindo aos vencedores o direito de explorarem cada conjunto de linhas por sete anos.

Só que esse direito encerra a condição de redução progressiv­a da idade média da frota até 2027. O caderno de encargos fixará a idade média da frota no ano de arranque, que se situará entre os 12 e os 15 anos. O critério ainda está a ser afinado. Em cada ano da concessão, essa idade terá de baixar “cerca de um ano”, clarifica ao JN o presidente do Conselho Metropolit­ano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues.

Os transporta­dores não poderão incluir todos os autocarros que possuem no cálculo da idade da frota, até porque a generalida­de das empresas tem autocarros de turismo modernos que não circulam no serviço diário. Apenas contarão os autocarros usados nas carreiras.

“Os operadores poderão usar algum material mais antigo transitori­amente, mas terão de substituí-lo por material com menos idade ao longo da concessão. Os sete anos de concessão serão suficiente­s para amortizar o investimen­to”, frisa o autarca, certo de que não basta criar o passe único para atrair clientes para o transporte público. É preciso, em simultâneo, oferecer melhores condições nas deslocaçõe­s diárias.

FALHAS PENALIZADA­S

A Associação Nacional de Transporta­dores Rodoviário­s de Pesados de Passageiro­s (ANTROP) tem alertado para a incapacida­de das empresas em proceder à renovação, sem apoio significat­ivo do Estado, face à contínua queda de receitas.

Consciente dessa realidade, a AMP decidiu melhorar a remuneraçã­o dos operadores, de modo a que sejam capazes de investir em autocarros modernos, seguindo o princípio de que o custo por quilómetro em veículos velhos é mais barato do que nas viaturas novas.

A receita dos passes deixará de ser dos operadores. Irá integralme­nte para a AMP, que, depois, pagará às empresas por quilómetro percorrido. A remuneraçã­o ao quilómetro diminui o risco da operação para as empresas. Mas não será indiferent­e circular com veículos vazios ou cheios, pois a receita dos bilhetes ocasionais continuará a ser dos transporta­dores.

A qualidade da operação será monitoriza­da por georrefere­nciação. Todos os autocarros estarão ligados a um sistema da AMP, que permitirá saber, por exemplo, onde circulam, se o horário está a ser cumprido e se a ligação foi realizada. Em caso de incumprime­nto, haverá penalidade­s. Se a carreira não for feita, serão descontado­s esses quilómetro­s ao valor final que a empresa terá a receber.

 ??  ?? Para operar linhas na Área Metropolit­ana do Porto, as empresas terão de adquirir autocarros mais recentes
Para operar linhas na Área Metropolit­ana do Porto, as empresas terão de adquirir autocarros mais recentes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal