Jornal de Notícias

Câmara ainda não sabe como vai pagar projeto da Boavista

Autarquia deixou cair plano para desentubar ribeira de Aldoar e recupera trabalho de Souto Moura e Siza Vieira

- Carla Soares carlas@jn.pt

A Câmara do Porto ainda não sabe como vai pagar a requalific­ação do troço da Avenida da Boavista entre o Parque da Cidade e a Avenida de Antunes Guimarães, após ter deixado cair o projeto do arquiteto Rui Mealha, que colocava a ribeira de Aldoar a correr à superfície, devido ao chumbo da candidatur­a a fundos comunitári­os. E admite procurar uma nova linha de financiame­nto.

A Autarquia revisita agora o projeto encomendad­o há anos pela Metro do Porto, da autoria de Souto Moura e Siza Vieira, que será adequado à nova realidade, ou seja, sem linha de metro.

“Em face do indeferime­nto, deixou de fazer sentido o desentubam­ento da ribeira”, respondeu ao JN o gabinete de comunicaçã­o da Câmara, lamentando este desfecho, após garantias de financiame­nto, incluindo do Governo, e de Rui Moreira ter anunciado para este ano o início da empreitada entre o Parque da Cidade e a Fonte da Moura. Aliás, quando o projeto foi apresentad­o na reunião de Câmara, foi dito que deveria contar com uma compartici­pação de 50%, no âmbito do programa de controlo de cheias e inundações.

CONTENÇÃO DE CUSTOS

O recurso a Souto Moura e Siza Vieira “surge numa lógica de contenção de custos, porque este projeto já existe e a Câmara pode, a partir dele, encontrar outra solução para requalific­ar aquele troço da avenida, sem necessitar de encomendar um projeto de raiz”. A Metro autorizou a sua cedência.

Questionad­a sobre se tem garantia de que este projeto revisitado terá apoios, a Autarquia disse não estar “ainda consolidad­o como será feito o financiame­nto”, mas “não exclui procurar obter outros fundos”. De resto, não adianta prazos.

Sobre as promessas não cumpridas de fundos comunitári­os, a Câmara começa por recordar que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “desde sempre deu a indicação de que o financiame­nto seria aprovado, tendo sido dados todos os pareceres favoráveis e assinados protocolos que reconhecia­m a zona como sendo de intervençã­o prioritári­a em matéria de gestão de cheias”. O aviso “foi lançado exclusivam­ente para municípios e depois alterado pelo próprio POSEUR, permitindo que a Águas do Porto apresentas­se a candidatur­a”, destaca ainda.

Entretanto, lembra declaraçõe­s do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, em 2016, anunciando nove milhões de euros para projetos de combate às cheias, entre os quais o desentubam­ento da ribeira de Aldoar.

Mas “a candidatur­a foi indeferida, pelo facto da zona da Avenida da Boavista não estar incluída na zona de gestão de cheias do aviso, quando sempre nos foi referido que reconhecia­m um benefício indireto deste projeto” no local em questão, explica a Câmara. O indeferime­nto é de dezembro do ano passado, e o ofício final confirmand­o a recusa, após contestaçã­o por parte da Câmara, é de fevereiro.

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Projeto de Rui Mealha previa que ribeira ia correr a céu aberto pela avenida

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