Segurança nas praias ameaçada pelo Leslie
Zonas balneares afetadas pelo furacão podem ficar sem nadadores-salvadores se a reconstrução dos apoios de praia não for rápida
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, visitou ontem o concelho da Marinha Grande, para verificar alguns dos estragos deixados pelo furacão do fim de semana passado, deixou uma palavra de incentivo às vítimas da tempestade e reafirmou que tudo está a ser feito pelo Governo para acelerar as medidas de apoio. Mas os empresários afetados mantêm-se na expectativa e temem que a burocracia atrase o processo de reconstrução, o que, a acontecer, pode comprometer a segurança das praias na próxima época balnear.
“A passagem de ano já é para esquecer e se não conseguirmos avançar com as obras rapidamente, até a época balnear está em risco”, desabafou José Lucas, proprietário de um bar e restaurante na praia da Vieira, um dos apoios destruídos pelo mau tempo, no concelho da Marinha Grande.
Como são os concessionários que asseguram o pagamento aos nadadores-salvadores durante a época balnear, se os estabelecimentos não estiverem operacionais, quer José Lucas quer outros empresários, na mesma situação, ficam sem condições para assumir o custo deste serviço, o que pode deixar algumas zonas de praia sem vigilância, se nenhuma outra entidade chamar a si este encargo.
PREJUÍZO POR CONTABILIZAR
José Lucas ainda mantém a esperança de conseguir reerguer o que construiu ao longo de 15 anos, e que viu ser levado pelo vento forte, em pouco mais de uma hora. “Já tínhamos levado com nortadas, com o mar e com tempestades fortíssimas, mas desta vez foi demais. Parece que passou aqui a guerra. Agora, estamos em stand-by e só ficamos aliviados quando começarmos a ver os apoios monetários”, disse o empresário ao JN, estimando os prejuízos totais em “cerca de 250 mil euros”. A nível concelhio, a Câmara da Marinha Grande aponta para danos no valor global de cinco milhões de euros.
Convidado a revelar os prejuízos nacionais provocados pelo Leslie, Eduardo Cabrita escusou-se a falar em valores, alegando que os danos apurados até ao momento são ainda provisórios. O ministro garantiu, no entanto, que “todos os que preencherem as condições de qualificação” vão ter apoios. “Já aprovámos os dois instrumentos que eram necessários para simplificar a contratação e para acionar esses mecanismos de apoio.
Neste momento, o trabalho está a decorrer com o Ministério da Agricultura, com as comissões de Coordenação Regional, num trabalho de proximidade com todas as autarquias da região”, adiantou o governante.