Baixos salários ou nenhum salário?
A cidade de Lille foi uma das que em França mais sofreram com a deslocalização das empresas, ao perderem mais de 70 mil empregos associados ao fabrico de algodão e às indústrias siderúrgicas. Por isso, as autoridades apostaram na construção de universidades de qualidade, boas acessibilidades, transportes e vias de comunicação, transformando a cidade num “hub” tecnológico. No entanto, nos subúrbios encontra-se uma das populações mais pobres do país, com 50% de desempregados e 90% a beneficiarem de subsídios sociais. Com baixas qualificações, esta franja da sociedade é precisamente o grupo que mais sofreu com a saída das indústrias tradicionais e não consegue arranjar emprego nos novos setores tecnológicos por falta de qualificações e pela idade.
Por cá, nos telejornais, ouvimos repetidamente muitos comentadores queixarem-se da criação de empregos associados aos serviços e setor turístico, pelos baixos salários. Mas apesar de negativo para o país, muito provavelmente, estes setores têm sido vitais para assegurar a empregabilidade de populações de baixas qualificações, que sem essa oportunidade acabariam por ficar em situações preocupantes de pobreza.
Assim sendo, mais do que procurar eliminar ou criticar os empregos de baixas qualificações, importa, isso sim, criar mecanismos fiscais e sociais que assegurem alguma segurança aos trabalhadores.
ANTÓNIO DO POÇO joao_16pvz@hotmail.com