Dois terços dos governantes são da região de Lisboa
40 de 61 ministros e secretários de Estado
É uma tendência que se tende a repetir vezes sem conta nos cargos executivos do país e a última remodelação do Governo aí está para a comprovar: três dos quatro novos ministros que tomaram posse faz hoje uma semana são de Lisboa. Do total de 61 governantes, entre ministros e secretários de Estado, dois terços são da capital ou arredores e os restantes são em números muito tímidos do resto do país. Das regiões autónomas, nem vê-los.
O interior – que pela primeira vez mereceu uma Secretaria de Estado na dança de cadeiras que se seguiu à demissão do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes – tem somente dois membros no Executivo socialista e sem funções ministeriais.
São eles o novo secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, oriundo de Mirandela, e o secretário de Estado da Valorização do Interior, João Catarino, de Proença-a-Nova, onde chegou a liderar o Executivo municipal.
GEOGRAFIA DOS MINISTROS
Da consulta feita pelo JN às moradas declaradas ao Tribunal Constitucional (TC), há apenas duas exceções que se destacam entre os 16 ministros que não são do Litoral: Luís Capoulas Santos, na pasta da Agricultura, que declarou residência em Valverde [Évora]; e Tiago Brandão Rodrigues, que tutela a
Educação, que forneceu uma morada de Paredes de Coura – contudo, quando aceitou o convite de Costa para encabeçar a lista de Viana do Castelo ao Parlamento, vivia no Reino Unido.
Há seis ministros que vivem em Lisboa [Finanças, Defesa, Economia, Justiça, Cultura e Trabalho], dois em Sintra [o primeiro-ministro e o ministro da Ciência], dois em Coimbra – a nova titular da Saúde, Marta Temido, e a ministra da Presidência –, um que declarou que vive em Alcochete [Pedro Marques], outro no Barreiro [Eduardo Cabrita] e três no Porto [Negócios Estrangeiros, Ambiente e Mar]. Ana Paula Vitorino, apesar de declarar uma morada no Porto, vive com Eduardo Cabrita em Almoster [Santarém].
ILHAS ESTÃO A ZEROS
O pendor da capital nas cadeiras das secretarias de Estado é muito mais evidente – 20 das 44 existentes são ocupadas por governantes que declararam viver nessa cidade.
Porém, se aos 20 se juntar todos os outros secretário de Estado que indicaram ao TC residir num dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, então aí o número cifra-se em 28.
A origem dos outros 13 pulveriza-se um pouco por todo o país, sendo que Viseu e Faro bisam. Da Área Metropolitana do Porto, há cinco. Madeira e Açores não contam com nenhum membro no elenco.