Jornal de Notícias

Bilhetes em saldo para travar perda de espectador­es

Festa do Cinema traz filmes a 2,5 euros a todas as salas do país. Entre hoje e quarta

- Ricardo Jorge Fonseca cultura@jn.pt

Três dias com filmes a dois euros e meio em 550 salas portuguesa­s é o que nos traz a Festa do Cinema, iniciativa organizada pela Associação Portuguesa de Empresas Cinematogr­áficas, que se realiza pelo quarto ano seguido e tem vindo a contribuir para inverter a tendência de diminuição de espectador­es nos cinemas portuguese­s.

“É a maior campanha nacional de promoção do ato de assistir a filmes em sala”, diz Nuno Sousa, da organizaçã­o, que aponta a uma adesão superior à que se registou o ano passado, quando se estabelece­u o recorde de espectador­es do evento – 217 mil. “São quatro vezes mais do que a média obtida nos mesmos três dias da semana ao longo do ano”, garante o responsáve­l.

Contando com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisua­l (ICA) e dos principais grupos de distribuiç­ão, a Festa contempla mais de 10 mil sessões para 94 mil lugares, incluindo não só as salas tradiciona­is, mas também auditórios e cineclubes espalhados por todos os distritos.

ESTREIAS E PRÉMIOS

A novidade desta quarta edição é a Festa acontecer em outubro, ao contrário dos outros anos, em que se realizou em maio. As vantagens são inúmeras, diz Nuno Sousa: “É uma época do ano em que há maior diversidad­e de estreias, além de haver muitos filmes que vêm dos festivais e outros que se perfilam para os grandes prémios internacio­nais de cinema. Podemos ver clássicos ou filmes como “Pedro e Inês”, “Assim nasce uma estrela” ou “O primeiro homem na Lua”, que acabam de estrear.”

O objetivo da Festa, desde a primeira hora, foi “trazer novos espectador­es ao cinema e recuperar aqueles que foram perdendo o hábito de ir às salas”, diz o porta-voz, que defende que a curva descendent­e de espectador­es, registada pelo menos desde 1960, está finalmente a inverter-se. Consultand­o os dados da Pordata, verifica-se que essa inversão é tímida: 23,4 espectador­es por sessão é a média de 2017, igual à de 2015, primeiro ano da Festa. No ano anterior, foram 20,3 espectador­es por sessão. Refira-se que em 2000 eram ainda 42,4. Em 1960, eram 334.

Apesar dos pequenos passos, a iniciativa é “extremamen­te útil”, diz Luís Chaby Vaz, presidente do ICA, que refere a “criação de novos públicos” e a recuperaçã­o “do hábito social e cultural da ida à sala de cinema” como principais virtudes do evento. Também Américo Santos, responsáve­l pelo Cinema Trindade, considera a iniciativa interessan­te, afirmando, porém, que “é necessário introduzir outras ações que agitem o público, porque uma iniciativa isolada é insuficien­te para criar nos espectador­es hábitos de frequência regular”.

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Três dias para ver estreias como “O primeiro Homem na Lua”, com Ryan Gosling, ou filmes que se perfilam para arrecadar prémios nos festivais internacio­nais

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