Bilhetes em saldo para travar perda de espectadores
Festa do Cinema traz filmes a 2,5 euros a todas as salas do país. Entre hoje e quarta
Três dias com filmes a dois euros e meio em 550 salas portuguesas é o que nos traz a Festa do Cinema, iniciativa organizada pela Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas, que se realiza pelo quarto ano seguido e tem vindo a contribuir para inverter a tendência de diminuição de espectadores nos cinemas portugueses.
“É a maior campanha nacional de promoção do ato de assistir a filmes em sala”, diz Nuno Sousa, da organização, que aponta a uma adesão superior à que se registou o ano passado, quando se estabeleceu o recorde de espectadores do evento – 217 mil. “São quatro vezes mais do que a média obtida nos mesmos três dias da semana ao longo do ano”, garante o responsável.
Contando com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e dos principais grupos de distribuição, a Festa contempla mais de 10 mil sessões para 94 mil lugares, incluindo não só as salas tradicionais, mas também auditórios e cineclubes espalhados por todos os distritos.
ESTREIAS E PRÉMIOS
A novidade desta quarta edição é a Festa acontecer em outubro, ao contrário dos outros anos, em que se realizou em maio. As vantagens são inúmeras, diz Nuno Sousa: “É uma época do ano em que há maior diversidade de estreias, além de haver muitos filmes que vêm dos festivais e outros que se perfilam para os grandes prémios internacionais de cinema. Podemos ver clássicos ou filmes como “Pedro e Inês”, “Assim nasce uma estrela” ou “O primeiro homem na Lua”, que acabam de estrear.”
O objetivo da Festa, desde a primeira hora, foi “trazer novos espectadores ao cinema e recuperar aqueles que foram perdendo o hábito de ir às salas”, diz o porta-voz, que defende que a curva descendente de espectadores, registada pelo menos desde 1960, está finalmente a inverter-se. Consultando os dados da Pordata, verifica-se que essa inversão é tímida: 23,4 espectadores por sessão é a média de 2017, igual à de 2015, primeiro ano da Festa. No ano anterior, foram 20,3 espectadores por sessão. Refira-se que em 2000 eram ainda 42,4. Em 1960, eram 334.
Apesar dos pequenos passos, a iniciativa é “extremamente útil”, diz Luís Chaby Vaz, presidente do ICA, que refere a “criação de novos públicos” e a recuperação “do hábito social e cultural da ida à sala de cinema” como principais virtudes do evento. Também Américo Santos, responsável pelo Cinema Trindade, considera a iniciativa interessante, afirmando, porém, que “é necessário introduzir outras ações que agitem o público, porque uma iniciativa isolada é insuficiente para criar nos espectadores hábitos de frequência regular”.