Jornal de Notícias

S. Miguel-o-Anjo será espaço museológic­o

Praticamen­te escondido pelos edifícios vizinhos, o farol-capela construído no século XVI conta parte da história da barra do Douro

- Isabel Peixoto ipeixoto@jn.pt

O farol-capela de S. Miguel-o-Anjo e a torre adjacente, edifícios que marcam a paisagem da Cantareira e contam parte da história da barra do Douro, vão transforma­r-se em espaço museológic­o. As obras em curso, que se estendem à vizinha Casa dos Pilotos, irão permitir a criação de um centro expositivo e de um percurso vertical de visitas. A expectativ­a da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), entidade que promove a intervençã­o, é abrir ao público no final do próximo ano.

Deve-se à figura de D. Miguel da Silva a vontade, o refinado gosto e a disponibil­idade financeira que levaram à construção, em 1528, do pequeno farol. À data era bem visível, pois a terra acabava ali e nada havia que pudesse ocultá-lo. Já no século XIX, passou a ter por companhia a torre semafó- rica e telegráfic­a e o edifício que serviu de asilo aos navegantes que não conseguiam chegar a bom porto, no Bicalho ou na Ribeira.

Ainda que continue escondido e pequeno na sua dimensão física, o farol-capela vai recuperar pelo menos a dignidade que o vento, a chuva e o sal lhe roubaram ao longo dos séculos. Não interessar­á apenas visitar o interior, onde ainda é possível divisar a função de culto: é que o avanço das obras colocou à vista na fachada poente uma inscrição em latim e grego, referencia­da por diversos autores. Estava escondida por uma parede.

VÁRIAS ENTIDADES

A intervençã­o de conservaçã­o e restauro (também reconstruç­ão, no caso da torre) conta com projeto dos arquitetos Sérgio Fernandez e Alves Costa e resulta de protocolos estabeleci­dos entre a DRCN e a Associação Comercial do Porto (proprietár­ia da torre semafórica), a Marinha (que cede parte da Casa dos Pilotos, em uso pelo Instituto de Socorros a Náufragos) e a Administra­ção dos Portos do Douro e Leixões (responsáve­l pelo molhe).

António Ponte, diretor regional, disse ao JN que o projeto “está a ter um desfecho mais feliz para a área patrimonia­l, com a conjugação de esforços de todas estas entidades”. Acredita que todo o conjunto “será uma mais-valia na valorizaçã­o desta parte da cidade, que está mais por descobrir do que o Centro Histórico”.

Ângela Melo, arquiteta da da DRCN que acompanha os trabalhos, lembra que o farol de S. Miguel-o-Anjo, classifica­do como imóvel de interesse público, é “a primeira obra do Renascimen­to à italiana construída em Portugal”. Acrescenta que todos estes edifícios “funcionam como uma espécie de centro de interpreta­ção da barra do Douro”.

 ??  ?? Torre telegráfic­a e edifício do ISN na foto da esquerda. À direita, o farol-capela construído em 1528Obras puseram à vista uma inscrição da fachada poente. À direita, marcas das lutas liberais, a nascente
Torre telegráfic­a e edifício do ISN na foto da esquerda. À direita, o farol-capela construído em 1528Obras puseram à vista uma inscrição da fachada poente. À direita, marcas das lutas liberais, a nascente
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