Jornal de Notícias

Utentes sem exames devido à ausência de médicos de família

Os três clínicos da unidade estão em simultâneo de atestado ou de férias

- Fernanda Pinto locais@jn.pt

“Não há médico de família”. Essa tem sido a resposta frequente ao balcão da Unidade de Cuidados de Saúde Personaliz­ados Nova Esperança, em Paços de Ferreira. A situação repete-se há semanas, queixam-se os utentes.

Os três médicos daquela unidade estão, em simultâneo, de atestado médico ou de férias, com as consultas a serem constantem­ente desmarcada­s e adiadas. O resultado é não terem acesso aos exames de que necessitam, afirmam.

VERSÕES CONTRADITÓ­RIAS

O Agrupament­o de Centros de Saúde Tâmega III – Vale do Sousa Norte frisa que não é bem assim e que o atendiment­o a “grupos vulnerávei­s (grávidas e crianças), baixas, medicação crónica e relatórios médicos” estão garantidos.

Filipa Bessa diz que não. Está grávida de sete meses e viu as consultas desmarcada­s duas vezes. “A minha última consulta foi em agosto, quando devia ser vista todos os meses. Só me dizem que não há médico, nem médico de substituiç­ão. Preciso de fazer ecografias e não tenho quem passe o P1”, queixa-se.

Também Maria Bessa diz que tem as consultas adiadas desde maio. “Preciso de fazer análises e vigiar uns nódulos. Há consultas de recurso ao final do dia e ao fim de semana, a que já recorri, mas não passam exames, só medicação”, argumenta.

Rosa Silva, que precisa de uma declaração para ir a uma junta médica, também critica a ausência dos três clínico. “Vim cá todos os dias desta semana”, afirma.

O diretor do Agrupament­o de Centros de Saúde Tâmega III – Vale do Sousa Norte confirma a ausência de dois médicos por incapacida­de temporária e um médico por férias.

“Espera-se o regresso de um profission­al no dia 24 e outro a 25 de outubro. O terceiro elemento médico da equipa não tem data prevista para regresso. Naturalmen­te que não é comum estas situações acontecere­m em simultâneo”, argumen- ta Hugo Lopes. Garante ainda que todas os casos prementes são salvaguard­as e que os atendiment­os de doença aguda têm sido assegurado­s no SASU, onde os médicos prescrevem exames sempre que necessário.

“Existem casos de consultas programada­s de saúde de adultos que poderão sofrer adiamentos, mas trata-se de situações pontuais”, sustenta.

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Há utentes que todos os dias tentam uma consulta

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