Versão saudita sobre morte de Khashoggi não convence
Alemanha anuncia suspensão da venda de armas à Arábia Saudita
Só o presidente dos EUA parece acreditar, pelo menos em parte, na versão saudita da morte do jornalista crítico do regime Jamal Khashoggi numa rixa no consulado saudita em Istambul, na Turquia. Anteontem à noite, Donald Trump admitiu que era insatisfatória. Mas nada que leve Washington a repensar as relações comerciais com Riade. Nisso, parece encontrar compreensão um pouco por todo o Mundo, à exceção de organizações não-governamentais, da ONU e da Alemanha que, ontem, suspendeu a venda de armas àquele país.
Em uníssono, todos pedem a verdade e investigações independentes. Mas, ao rejeitar ou não mencionar sanções, admitem que o dinheiro que a Arábia Saudita representa para os seus países fala mais alto, ao contrário do que sucedeu com a Rússia, suspeita do envolvimento no envenenamento do ex-espião Sergei Skripal.
REINO UNIDO PRUDENTE
Ontem, foi a vez de o Reino Unido, pela voz do ministro Dominica Raab, afirmar ser pouco credível a história avançada por Riade – credível ou não, é suspeita, dado ter surgido ao fim de semanas a clamar desconhecimento do paradeiro do jornalista, desaparecido no dia 2 de outubro. Mas, como Trump, Raab pôs de parte cortar relações com o reino, em nome dos postos de trabalho ingleses que dependem delas. Como os EUA, Londres vende armas a Riade.
Canadá, União Europeia, França, Alemanha e Portugal já pediram mais explicações e responsabilizações. Riade escuda-se na tese da operação de detenção que correu mal e de indivíduos que se excederam e cometeram um erro e prendeu 18 pessoas. Já a Turquia diz ter provas de um assassinato frio e premeditado.