Bolsonaro ameaça banir militantes do PT
Se for eleito presidente do Brasil, candidato de extrema-direita vai desmantelar a Petrobras e “desestatizar” a riqueza em gás natural
Um dia depois de o candidato de extrema-direita ver confirmada na primeira volta a preferência prometida pelas sondagens, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou em Espanha que Jair Bolsonaro “tem um bom plano para a economia” e os mercados de câmbios e de valores agitaram-se.
O que entusiasma Piñera? Sobretudo a “redução do tamanho do setor público com privatizações”, explicou, numa referência ao “liberalismo económico” assumido no programa do candidato do Partido Social Liberal (PSL), intitulado “O Caminho da Prosperidade”.
DE OLHO NAS JAZIDAS DE GÁS
Embora a componente militar, de visão mais “estatizante”, da sua equipa pareça dar sinais de fazer recuar a fação liberal e privatizadora, o capítulo dedicado à economia assenta no desígnio do desmantelamento e entrega aos privados da maioria das empresas públicas.
“Estimamos reduzir 20% do vo- lume da dívida (pública) por meio de privatizações”, lê-se. “Algumas” das 147 empresas estatais “serão extintas, outras privatizadas” e só uma minoria, de “caráter estratégico”, será preservada. Objetivo: “gerar mais competição”.
Claramente visada é a holding estatal Petrobras e o pano de fundo é a imensa riqueza das jazidas em petróleo e gás natural descobertas no pré-sal, a camada geológica inferior à de sal, fazendo multiplicar várias vezes as reservas do Brasil. Além de defender a venda da “parcela substancial” de atividades “onde tenha poder no mercado”, o programa diz que “é importante acabar com o monopólio da Petrobras sobre toda a cadeia de produção do combustível” e a “desestatização do setor do gás natural”. Companhias estrangeiras, sobretudo americanas, estão interessadas.
A par do controlo das contas públicas, do controlo da inflação, da criação de um superministério da Economia (integrando nele as pastas das Finanças, Planeamento, Indústria e Comércio) e de cortes de despesas com funcionários, Bolsonaro pretende liberalizar os contratos de trabalho e alterar o modelo de previdência.
Um dos pontos mais polémicos é a fixação de uma taxa única (20%) para o imposto sobre rendimentos, embora isente os salários baixos, redução substancial de impostos para os ricos, os mesmos que aumentaram as suas fortunas com medida idêntica durante a ditadura militar (1964-1985).
BANIR O “MARXISMO CULTURAL”
Nostálgico da ditadura, que serviu como oficial, Bolsonaro carrega forte na tinta ideológica da candidatura, de inspiração nacionalista e evangélica (“Brasil acima de tudo; Deus acima de todos” é o seu lema), prometendo banir o “marxismo cultural”.
No ensino quer “mais Matemática, Ciências e Português, sem doutrinação e sexualização precoce”, privilegiar o ensino médio e profissional (invertendo a aposta dos governos PT no Superior).
Na segurança, é bem conhecida a aposta em facilitar a licença de uso e porte de armas por “pessoas de bem” e alargar a justificação para o uso da força pelas polícias e combater o crime e a corrupção.