Vida precária de estudante
Despesas levam alunos do Superior a desistir dos cursos. Escassa oferta de residências e rendas altas agudizam problema
“Tenho amigos que desistiram e outros tiraram um ano para trabalhar e assim ter dinheiro para acabar o curso”, explica Clara Silva, de 24 anos, que neste momento está a tirar o mestrado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP).
Clara vive no Porto e o alojamento não é um problema. Mas os amigos sentem cada vez mais dificuldades em encontrar casa. “Os preços quase triplicaram”, salienta a estudante.
“Esta é uma faculdade com características diferentes das restantes e portanto devia ter um tratamento também adaptado às exigências, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento”, refere Ângela Moreira, deputada do PCP que, juntamente com o deputado Jorge Machado, fez um levantamento das dificuldades existentes nas faculdades no Porto para as apresentar no Parlamento.
Além do alojamento, das propinas, da alimentação, do passe mensal dos transportes, os alunos de Belas Artes têm ainda de custear os materiais “que são bastante caros”. Num inquérito realizado na faculdade, 90% das desistências dizem respeito à questão monetária. Letícia Costelha, presidente da associação de estudantes, reconhece que o tipo de financiamento da FBAUP “devia ser diferente de forma a que materiais em disciplina obrigatórias como Pintura, Escultura e Multimédia fossem gratuitos”.
A FAUBP tem ainda lacunas quanto à colocação de professores. Joana Carvalho, aluna de Pintura, esteve “duas semanas sem professor a duas cadeiras”, porque uma grande parte dos docentes são convidados e não contratados.