Jornal de Notícias

20 multas a empresas que gerem cantinas

Sindicato de Hotelaria garante que há funcionári­os contratado­s por uma ou duas horas por dia com salários inferiores a 200 euros

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

Desde janeiro, o Ministério da Educação (ME) aplicou “cerca de duas dezenas de multas” a empresas com a concessão das cantinas das escolas do 2.º Ciclo ao Secundário. A falta de pessoal e o desrespeit­o pelas quantidade­s que devem ser servidas (capitações) são os principais motivos para a aplicação das coimas. Desde setembro, foram detetadas “desconform­idades” que resultaram em notificaçõ­es, mas ainda decorre o prazo para as empresas fazerem as correções.

A tutela assume que o número de multas aumentou com o reforço da fiscalizaç­ão. As aulas arrancaram com menos queixas mas, ainda assim, persistem casos. Fotografia­s ou vídeos de lagartas na salada ou pratos com pouca comida continuam a chegar à Federação da Associação de Pais de Lisboa (Ferlap). Podem ser casos pontuais na estatístic­a das refeições escolares mas não deviam acontecer, frisa o presidente Isidoro Roque.

PAIS FISCALIZAM

Encarregad­os de educação e diretores consideram que, nas escolas mais visitadas pelas associaçõe­s de pais, a qualidade da comida melhorou, embora persistam falhas, nomeadamen­te quanto à quantidade.

Já para o Sindicato de Hotelaria e Turismo do Norte (SHTN), o arranque do ano está a ser “péssimo”: as empresas com a concessão das cantinas, como a Eurest ou a Uniself, reduziram o número de funcionári­os e o horário dos trabalhado­res.

“Há quem seja contratado para uma ou duas horas diárias (quando o mínimo deviam ser três horas), com um salário inferior a 200 euros. O caderno de encargos não é cumprido. As autarquias não fiscalizam e as empresas queixam-se de absentismo. A verdade é que a precarieda­de é tão elevada e o ritmo de trabalho tão frenético que muitos deixam simplesmen­te de aparecer”, explica Francisco Figueiredo, coordenado­r do SHTN.

A situação é pior nas escolas de 1.º Ciclo e jardins de infância sob tutela das autarquias, alerta, apontando o Porto, onde as cantinas estão entregues à Eurest, como um caso paradigmát­ico de sistemátic­o desrespeit­o pelo caderno de encargos.

Depois da Câmara de Cascais que rescindiu contrato com a Uniself, estando o caso em tribunal, a Batalha já pediu ao ME a aplicação de multas e Almada pode ser a próxima autarquia.

“Não pode haver um fiscal todos os dias em todas as cantinas”, reclama Joana Mortágua. A deputada do Bloco de Esquerda e vereadora em Almada defende que a gestão seja transferid­a para as escolas.

O JN questionou a Uniself e a Eurest, mas não obteve resposta.

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A comida servida nas cantinas melhorou nas escolas constantem­ente visitadas pelas associaçõe­s de pais

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