Paralisia cerebral não a impediu de escrever dois livros
Adriana Ferreira sonha ter um emprego que lhe permita ocupar os tempos livres
Nasceu com apenas 28 semanas de gestação e, quando sentiu o colo da mãe pela primeira vez, tinha somente 980 gramas. Talvez essas condicionantes, associadas a uma complicação durante o parto, tenham ditado a condição física em que Adriana Ferreira, 25 anos, nasceu e vive.
Tem paralisia cerebral, que lhe afeta a parte motora, porque a imaginação, essa, parece não lhe faltar. Tem uma mente livre mas está aprisionada num corpo que nunca respondeu aos chamamentos que lhe foi fazendo.
Viveu momentos de revolta e de tristeza, naturais de quem tem consciência da sua condição. Hoje já lida melhor com o que a vida lhe reservou, mas tem sonhos que ainda não con- cretizou. Ter um emprego é apenas um deles. Enquanto isso, vai dedicando o tempo à escrita. Publicou “O dálmata sem pintas”, em 2009, e, sete anos depois, uma autobiografia.
“Uma estrela especial chamada Adriana Ferreira – Os traços de um olhar!” conta a história, as conquistas e as dificuldades da jovem escritora. Na obra dedica também uma parte especial a uma das suas “grandes inspirações”, Simone de Oliveira. Porém, o segundo livro não teve o sucesso do primeiro, por isso, para continuar na escrita, precisa de um sinal. “Vou deixar que seja a vida a ditar isso”, afirma.
Adriana Ferreira passa os dias em casa, em frente ao computador, a espelhar uma imaginação que, diz, não tem limites. Na APAC – Associação de Pais e Amigos de Crianças –, de Arcozelo, Barcelos, tem fisioterapia e terapia ocupacional, mas falta concretizar o “tal” grande sonho. Terminou o 12.º ano na área de Comunicação e sabe que dificilmente terá um trabalho comum, porque as limitações físicas não o irão permitir, mas não deixa de acreditar.