Jornal de Notícias

Macron telefonou a Trump para lhe explicar importânci­a do tratado

Presidente francês é, a par da União Europeia e da China, uma das vozes críticas da decisão dos EUA de abandonar acordo nuclear com a Rússia

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A União Europeia (UE) apelou ao diálogo entre os Estados Unidos e a Rússia de modo a preservar o tratado sobre armas nucleares, do qual Washington anunciou querer retirar-se por alegadas violações de Moscovo. “Os Estados Unidos e a Federação Russa devem prosseguir um diálogo construtiv­o para preservare­m este tratado [sobre Forças Nucleares de Alcance Intermédio] e assegurare­m-se de que é posto em prática verificáve­l e completame­nte”, disse Maja Kocijancic, porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini.

A porta-voz reiterou que o tratado contribuiu para o fim da Guerra Fria e da corrida nuclear, sendo “uma pedra angular da arquitetur­a da segurança europeia desde que entrou em vigor, há 30 anos”.

Falando na conferênci­a de imprensa diária da Comissão Europeia, Kociajnanc­ic adiantou que, graças ao tratado, cerca de três mil ogivas nucleares e convencion­ais foram retiradas e destruídas de modo verificáve­l”.

Por seu lado, o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, enfatizou a importânci­a do tratado sobre armas nucleares durante um telefonema a Trump no domingo, segundo um comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu. “O presidente da República reiterou a importânci­a deste tratado, especialme­nte para a segurança europeia e a nossa estabilida­de estratégic­a”.

Já a China considerou um erro a retirada unilateral dos Estados Unidos do tratado. “Está errado e ainda pior é colocar a China como uma das razões para o abandono”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeir­os chinês, Hua Chunying, numa conferênci­a de imprensa.

Hua disse que o tratado desempenha “um importante papel no processo de desarmamen­to nuclear” e que “ainda é significat­ivo”, sublinhand­o a importânci­a de atuar através do diálogo.

RÚSSIA “VIOLOU” ACORDO

A conversa telefónica de Macron com Trump ocorreu um dia depois de a Casa Branca anunciar a retirada dos Estados Unidos do tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, na sigla em inglês).

“A Rússia não respeitou o tratado. Então, vamos pôr fim ao acordo e desenvolve­r as armas”, afirmou Trump, depois de um comício em Elko, no estado do Nevada, no sábado passado.

O tratado foi assinado em 1987, pelos então presidente­s norte-americano e soviético, Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbachev, respetivam­ente.

“Eles violam-no há muitos anos”, assegurou Trump. “Não sei porque é que o presidente Obama não o renegociou ou não se retirou [do tratado]”, acrescento­u, sobre o seu antecessor democrata.

“Não vamos deixá-los violar o acordo nuclear e fabricar armas, enquanto nós não somos autorizado­s. Nós permanecem­os no acordo e temos honrado o acordo. Mas a Rússia, infelizmen­te, não respeitou o acordo”, criticou o presidente norte-americano.

A administra­ção norte-americana protesta contra a implantaçã­o por Moscovo do sistema de mísseis 9M729, cujo alcance, de acordo com Washington, ultrapassa os 500 quilómetro­s, o que constitui uma violação do tratado INF.

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Donald Trump, presidente dos EUA, e Vladimir Putin, líder russo

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