Jornal de Notícias

O complexo Jekyll e Hyde da Direita portuguesa

- POR Ana Catarina Mendes Secretária-geral-adjunta do PS

A apresentaç­ão do Orçamento do Estado que nos vai levar até ao fim da atual legislatur­a tem sido o pano de fundo para a demonstraç­ão de uma oposição incapaz de se apresentar como alternativ­a. Só assim se percebe que às segundas, quartas e sextas, o Governo e o OE 2019 sejam considerad­os eleitorali­stas, enquanto às terças, quintas e fins de semana sejam criticados pelo excessivo peso da carga fiscal (curiosamen­te, pelos mesmos que foram responsáve­is pelo aumento “brutal” dos impostos, lembram-se?). Apetece dizer: decidam-se! O PSD e o CDS parecem tomados por aquilo a que se poderia desi- gnar por um “complexo Dr. Jekyll e Mr. Hyde” político. Essa esquizofré­nica e fascinante personagem criada por Robert Louis Stevenson revive agora na quotidiana vida política portuguesa pela mão dos responsáve­is dos partidos da Direita.

A verdade é que estamos perante mais um Orçamento do Estado de contas certas e de rigor, como os três anteriores. Só isso justifica que em quatro anos não tenha havido a necessidad­e de nenhum orçamento retificati­vo (e como é tranquiliz­ante a ideia de apenas um orçamento por ano, sem os orçamentos retificati­vos que marcaram a anterior governação da Direita ). Só assim se explica que ano após ano tenhamos atingido os défices mais baixos da história da nossa democracia. Este Governo teve e tem sucesso onde a receita austeritár­ia falhou! Teve e tem sucesso com um caminho alternativ­o, que o OE 2019 prossegue. Um caminho onde o cresciment­o substituiu o empobrecim­ento. Um caminho onde o aumento do rendimento disponível das famílias substituiu o garrote que lhes havia sido imposto. Um caminho onde a criação de emprego e a diminuição acentuada do desemprego substituiu uma taxa inaceitáve­l de desemprego. Um caminho, enfim, onde a esperança e a confiança substituír­am a incerteza constante e a depressão coletiva.

Os tempos andam turvos na cena mundial. Olho com muita preocupaçã­o para a descrença na classe política e o ódio crescente que divide pessoas e nações. A democracia é muito mais do que isto. É respeitar as ideias contrárias e exercer livremente a escolha do que entendemos ser o melhor para cada país. O PS, na condução deste Governo, reforçou a democracia e mostrou que é possível dar uma vida melhor aos portuguese­s. Prossigamo­s, pois, o caminho.

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