O complexo Jekyll e Hyde da Direita portuguesa
A apresentação do Orçamento do Estado que nos vai levar até ao fim da atual legislatura tem sido o pano de fundo para a demonstração de uma oposição incapaz de se apresentar como alternativa. Só assim se percebe que às segundas, quartas e sextas, o Governo e o OE 2019 sejam considerados eleitoralistas, enquanto às terças, quintas e fins de semana sejam criticados pelo excessivo peso da carga fiscal (curiosamente, pelos mesmos que foram responsáveis pelo aumento “brutal” dos impostos, lembram-se?). Apetece dizer: decidam-se! O PSD e o CDS parecem tomados por aquilo a que se poderia desi- gnar por um “complexo Dr. Jekyll e Mr. Hyde” político. Essa esquizofrénica e fascinante personagem criada por Robert Louis Stevenson revive agora na quotidiana vida política portuguesa pela mão dos responsáveis dos partidos da Direita.
A verdade é que estamos perante mais um Orçamento do Estado de contas certas e de rigor, como os três anteriores. Só isso justifica que em quatro anos não tenha havido a necessidade de nenhum orçamento retificativo (e como é tranquilizante a ideia de apenas um orçamento por ano, sem os orçamentos retificativos que marcaram a anterior governação da Direita ). Só assim se explica que ano após ano tenhamos atingido os défices mais baixos da história da nossa democracia. Este Governo teve e tem sucesso onde a receita austeritária falhou! Teve e tem sucesso com um caminho alternativo, que o OE 2019 prossegue. Um caminho onde o crescimento substituiu o empobrecimento. Um caminho onde o aumento do rendimento disponível das famílias substituiu o garrote que lhes havia sido imposto. Um caminho onde a criação de emprego e a diminuição acentuada do desemprego substituiu uma taxa inaceitável de desemprego. Um caminho, enfim, onde a esperança e a confiança substituíram a incerteza constante e a depressão coletiva.
Os tempos andam turvos na cena mundial. Olho com muita preocupação para a descrença na classe política e o ódio crescente que divide pessoas e nações. A democracia é muito mais do que isto. É respeitar as ideias contrárias e exercer livremente a escolha do que entendemos ser o melhor para cada país. O PS, na condução deste Governo, reforçou a democracia e mostrou que é possível dar uma vida melhor aos portugueses. Prossigamos, pois, o caminho.