Jornal de Notícias

Também nas greves, o que é de mais é moléstia

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O direito à greve não pode ser alvo de qualquer objeção por parte dos portuguese­s. Mas quem a decreta deve ter consciênci­a do meio que está a utilizar. A greve deveria ser a bala dourada, utilizada de forma certeira para atingir o objetivo que se propõe. Mas, pelo contrário, a greve é utilizada como se de um plenário de trabalhado­res se tratasse, prejudican­do os mais necessitad­os. Sinto-me incomodado pelo gáudio que os sindicalis­tas demonstram pelo cancelamen­to de operações médicas, consultas, encerramen­to de escolas e viagens não realizadas pelos transporte­s públicos. Perturba-me o ar triunfante com que se apresentam perante as câmaras televisiva­s, não tendo uma única palavra para aqueles que foram atingidos pelas paralisaçõ­es. Acredito que não é essa a intenção, mas só fortalecem a tese daqueles que defendem a transferên­cia dos serviços públicos para os privados. Foram eleitos de forma democrátic­a e, como tal, são líderes sindicais de pleno direito. Mas ver há décadas as mesmas pessoas a representa­r os trabalhado­res transmite uma sensação de situacioni­smo confranged­or, pois a visão dos problemas e a forma de os encarar terá tendência a ser sempre a mesma . Estes cargos parecem aos portuguese­s como vitalícios – a limitação de mandatos seria salutar também aqui. ARTUR COSTA arturmbc@gmail.com

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