Oitenta quilómetros para um feito histórico
Paulo Oliveira marcou o golo que apurou o Lusitano Vildemoinhos e eliminou o Nacional. Passa os dias entre treinos noturnos e o emprego em contabilidade
Também ontem, Paulo Oliveira se levantou às 8 horas e picou o ponto no emprego uma hora depois. Como de costume, havia trabalho de contabilidade à espera. Ninguém lhe pagou o almoço. “Nesse aspeto, foi normal”, graceja. Só que, na véspera, houve um golo, o mesmo que permitiu ao Lusitano Vildemoinhos ser tomba-gigantes na Taça de Portugal ao eliminar o Nacional (4-3), e existem os telemóveis. “É o dia em que tenho sido mais concorrido”, acrescenta ao JN.
E prémio de jogo? “Também não, aqui não há disso”, adianta Paulo Oliveira. O que não espanta, ou o feito deste clube de Viseu também não se contasse com treino noturnos, “normalmente das 19.30 às 21 horas”, e com jogadores amadores mas cheios de amor à causa. “Faço sempre 80 quilómetros para ir treinar e jogar”, revela o defesa, ele que se multiplica por Castro Daire e Vildemoinhos e que divide as semanas pelo emprego que lhe garante o sustento e pelo campo que lhe ilumina o horizonte.
Como nunca antes, o telemóvel de Paulo Oliveira não tem descansado e até durante o telefonema do JN se ouviu aquele “pi, pi, pi”, indicativo que já havia mais alguém com boas intenções. Amigos e conhecidos, sim, mas também companheiros de outras núpcias. “O que mais me marcou foi saber que pessoas com quem não falava há algum tempo seguiram o jogo”. Como Wender, o atual treinador da equipa B do Braga. Agora, a vida segue e a Taça também: “Que venha um grande”!