Desapareceu parte de processo de corrupção no futebol
Extravio de volume do inquérito de apostas fraudulentas num jogo Feirense-Rio Ave investigado pela Procuradoria
Desapareceu um volume do processo da investigação ao caso de alegadas apostas desportivas combinadas no jogo Feirense-Rio Ave, da época 2016/2017. Os documentos perderam-se quando o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa, mandou o processo para o Ministério Público (MP) do Porto, que já constituiu arguidos quatro antigos atletas da equipa de Vila do Conde.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já abriu uma investigação para apurar as circunstâncias do desaparecimento que, no entanto, não terá provocado qualquer prejuízo para a investigação, uma vez que os documentos já tinham sido todos digitalizados no DCIAP.
“Confirma-se o extravio de um volume do processo. Foi feita a reforma integral desse volume e foi instaurado inquérito para apuramento das circunstâncias do desaparecimento do referido volume”, adiantou ao JN fonte da PGR.
De acordo com o semanário “Expresso”, que avançou a notícia, o volume extraviado apenas continha requerimentos, despachos do juiz e respostas do MP.
DEZ MIL PARA CADA UM
O desaparecimento foi detetado depois de os funcionários judiciais do Porto terem recebido o processo que chegara de Lisboa via CTT. A investigação ao caso irá tentar apurar se o extravio
Federbet
A Federbet, entidade que vigia as apostas online, garante que o fenómeno da viciação de resultados se encontra a aumentar como nunca se viu, estando a alastrar-se aos jogos das camadas jovens.
Inspeção de jogos
O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, que regula a atividade das apostas, teve conhecimento de suspeitas de irregularidades e está a investigar.
Advogado
O processo foi encaminhado de Lisboa para o Porto, depois de um advogado de um dos jogadores ter requerido a consulta. aconteceu antes, durante ou depois do transporte.
O caso nasceu em fevereiro de 2017. A suspeita nasceu pouco antes do apito inicial do Feirense-Rio Ave, quando a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decretou a suspensão das apostas no Placard, após ter constatado um volume anormal de palpites, cujo total rondou o meio milhão de euros, incluindo uma aposta individual de cerca de 50 mil euros. As autoridades suspeitaram de que alguns jogadores do Rio Ave tinham sido aliciados com luvas para deixar o Feirense ganhar. A equipa de Santa Maria da Feira venceu por 2-1.
Na altura, os inspetores da brigada de investigação da corrupção da PJ do Porto ouviram o guarda-redes Cássio e os defesas Nadjack, Marcelo e Roderick, que foram constituídos arguidos. Tiveram os respetivos telemóveis apreendidos, o que permitiu aos investigadores conhecer os seus interlocutores nos dias que antecederam o encontro.
Ouvidos enquanto testemunhas foram Luís Castro, então treinador do Rio Ave, Tarantini, capitão de equipa, e Miguel Ribeiro, diretor-geral dos vila-condenses.
As autoridades abriram uma investigação por suspeitas de que os quatro jogadores foram, na altura, abordados por indivíduos ligados a uma rede internacional de combinação de resultados, que lhes terão oferecido, a cada um, uma verba a rondar os 10 mil euros para, alegadamente, facilitarem o triunfo do Feirense.
Todos os jogadores vieram negar as suspeitas, assim como os dois clubes.
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