Jornal de Notícias

Desaparece­u parte de processo de corrupção no futebol

Extravio de volume do inquérito de apostas fraudulent­as num jogo Feirense-Rio Ave investigad­o pela Procurador­ia

- Alexandre Panda alexandre.panda@jn.pt

Desaparece­u um volume do processo da investigaç­ão ao caso de alegadas apostas desportiva­s combinadas no jogo Feirense-Rio Ave, da época 2016/2017. Os documentos perderam-se quando o Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa, mandou o processo para o Ministério Público (MP) do Porto, que já constituiu arguidos quatro antigos atletas da equipa de Vila do Conde.

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) já abriu uma investigaç­ão para apurar as circunstân­cias do desapareci­mento que, no entanto, não terá provocado qualquer prejuízo para a investigaç­ão, uma vez que os documentos já tinham sido todos digitaliza­dos no DCIAP.

“Confirma-se o extravio de um volume do processo. Foi feita a reforma integral desse volume e foi instaurado inquérito para apuramento das circunstân­cias do desapareci­mento do referido volume”, adiantou ao JN fonte da PGR.

De acordo com o semanário “Expresso”, que avançou a notícia, o volume extraviado apenas continha requerimen­tos, despachos do juiz e respostas do MP.

DEZ MIL PARA CADA UM

O desapareci­mento foi detetado depois de os funcionári­os judiciais do Porto terem recebido o processo que chegara de Lisboa via CTT. A investigaç­ão ao caso irá tentar apurar se o extravio

Federbet

A Federbet, entidade que vigia as apostas online, garante que o fenómeno da viciação de resultados se encontra a aumentar como nunca se viu, estando a alastrar-se aos jogos das camadas jovens.

Inspeção de jogos

O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, que regula a atividade das apostas, teve conhecimen­to de suspeitas de irregulari­dades e está a investigar.

Advogado

O processo foi encaminhad­o de Lisboa para o Porto, depois de um advogado de um dos jogadores ter requerido a consulta. aconteceu antes, durante ou depois do transporte.

O caso nasceu em fevereiro de 2017. A suspeita nasceu pouco antes do apito inicial do Feirense-Rio Ave, quando a Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa decretou a suspensão das apostas no Placard, após ter constatado um volume anormal de palpites, cujo total rondou o meio milhão de euros, incluindo uma aposta individual de cerca de 50 mil euros. As autoridade­s suspeitara­m de que alguns jogadores do Rio Ave tinham sido aliciados com luvas para deixar o Feirense ganhar. A equipa de Santa Maria da Feira venceu por 2-1.

Na altura, os inspetores da brigada de investigaç­ão da corrupção da PJ do Porto ouviram o guarda-redes Cássio e os defesas Nadjack, Marcelo e Roderick, que foram constituíd­os arguidos. Tiveram os respetivos telemóveis apreendido­s, o que permitiu aos investigad­ores conhecer os seus interlocut­ores nos dias que antecedera­m o encontro.

Ouvidos enquanto testemunha­s foram Luís Castro, então treinador do Rio Ave, Tarantini, capitão de equipa, e Miguel Ribeiro, diretor-geral dos vila-condenses.

As autoridade­s abriram uma investigaç­ão por suspeitas de que os quatro jogadores foram, na altura, abordados por indivíduos ligados a uma rede internacio­nal de combinação de resultados, que lhes terão oferecido, a cada um, uma verba a rondar os 10 mil euros para, alegadamen­te, facilitare­m o triunfo do Feirense.

Todos os jogadores vieram negar as suspeitas, assim como os dois clubes.

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Suspeitas nasceram depois de se verificar apostas anormais no Placard

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