Polícias julgados por agressão a passageira de autocarro
Juíza de instrução criminal subscreveu acusação inicial. Cláudia Simões foi socada e alvo de insultos racistas
DECISÃO Três polícias vão ser julgados no caso da detenção, em 2020, de uma passageira de um autocarro, na Amadora. Um deles, Carlos Canho, está acusado de três crimes de sequestro, três de ofensas à integridade física e um de abuso de poder. Os outros dois, João Gouveia e Fernando Rodrigues, respondem por um crime de abuso de poder. A decisão foi anunciada, ontem, pela juíza de instrução criminal do Tribunal da Amadora, que subscreveu a acusação inicial do Ministério Público.
Nessa acusação, é descrito que Carlos Canha estava fora de serviço quando foi abordado pelo motorista de um autocarro da Vimeca, que alegou ter sido ameaçado por uma passageira. O agente foi ter com a mulher, Cláudia Simões, que estava acompanhada de um sobrinho e da filha, que se tinha esquecido do título de transporte.
A conversa que se seguiu entre o polícia e Cláudia Simões terminou com os dois no chão e com o PSP a tentar algemar a mulher, a quem puxou o cabelo, en
Agressão filmada
A detenção de Cláudia Simões foi filmada, com o telemóvel, por transeuntes. Confrontado com as imagens no final da sua tomada de posse, o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, disse que viu “um polícia a cumprir as suas obrigações e as normas que estão em vigor na PSP”,
Resistência e coação
Cláudia Simões chegou a estar indiciada do crime de resistência e coação sobre agente da autoridade. O processo foi arquivado.
quanto esta o mordia para tentar libertar-se.
Entretanto, chegaram dois outros polícias e a mulher foi colocada no carro de patrulha. É nessa altura que, garante o MP, foi agredida a soco e a pontapé por Canha. “Agora é que te vou mostrar, sua puta, sua preta do caralho, seu caralho, sua macaca”, referiu, segundo a acusação, o agente.
João Gouveia e Fernando Rodrigues assistiriam a tudo, nada fizeram para impedir as agressões e, por esse motivo, vão ser julgados por abuso de poder.
Já na esquadra, duas outras pessoas, testemunhas dos acontecimentos, também terão sido agredidas pelo PSP.