Jornal de Notícias

PRAÇA DA LIBERDADE 63 anos

- POR Fernando Araújo Presidente do Conselho de Administra­ção do Centro Hospitalar Universitá­rio de S. João

No dia 24 de junho o Hospital São João faz 63 anos. Somos mais de 6500 profission­ais, 1100 camas, 35 salas de bloco cirúrgico, 250 gabinetes de consulta. Uma área geográfica que, nalgumas especialid­ades, dá apoio a mais de 3,5 milhões de pessoas. Um orçamento anual superior a 400 milhões de euros. Ensinamos estudantes e profission­ais das várias áreas da saúde. Publicamos nas mais prestigiad­as revistas mundiais. Ganhamos bolsas internacio­nais para realizar investigaç­ão básica e de translação. Possuímos centros de referência europeus e integramos os mais importante­s ensaios clínicos. Dispomos de algoritmos espetacula­res, meios imagiológi­cos extraordin­ários, testes genéticos e moleculare­s, uma quantidade impression­ante de equipament­os e robots.

Mas isto não é realmente o que nos define. Toda esta tecnologia não é um fim em si mesmo. O principal foco do nosso trabalho são os doentes. A inteligênc­ia artificial, que tem crescido exponencia­lmente, é algo admirável, mas não substitui o humanismo, o cuidado e a empatia que precisamos de ter para sermos profission­ais de saúde.

Os doentes não são apenas números numa folha de excel ou estatístic­as em livros científico­s. São pessoas, com nomes, família e história. Aqueles que realmente querem aprender, investigar, ensinar, que procuram a excelência e a inovação, que estão abertos a colocar os interesses dos doentes em primeiro lugar, esses, são bem-vindos ao Hospital São João. Para quem se apaixona pela medicina, trabalhar neste hospital será extremamen­te gratifican­te. Do nascimento até aos últimos momentos, teremos o privilégio de fazer parte da vida dos doentes. Esta é a nossa cultura.

Distinguim­o-nos pelo planeament­o e organizaçã­o, antecipaçã­o e preparação. Temos uma capacidade única de trabalhar em equipa, combinando competênci­a, saber, diferencia­ção técnica, mas também entrega, generosida­de e dedicação. Possuímos estratégia, determinaç­ão e ambição de querer fazer sempre melhor, com um espírito cosmopolit­a e inovador. Não cedemos, nem capitulamo­s nos nossos princípios. Não nos resignamos com a escuridão da incompetên­cia e dos pequenos interesses e procuramos sempre trazer uma luz de esperança, uma visão de futuro.

Na verdade, tudo o que nos caracteriz­a é próprio do SNS, que integramos com imenso orgulho, e estes valores são comuns a muitas outras instituiçõ­es de saúde. Por isso, neste período de inverno, podemos estar pessimista­s em relação ao amanhã, mas devemos estar otimistas em relação ao dia seguinte ao amanhã.

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